A Vida dos
Santos - Vol. III – Março
Rev. Alban Butler (1711-73) Excerto do
livro de 1866
O GLORIOSO
São José era descendente direto dos grandes reis da tribo de Judá, e dos mais
ilustres patriarcas; mas sua verdadeira glória consistiu em sua humildade e
virtude. A história de sua vida não foi escrita por homens, mas suas ações
principais foram registradas pelo próprio Espírito Santo. Deus delegou-lhe a
educação de seu divino Filho, manifestado na carne. Para este fim, ele esposou
a Virgem Maria. É um erro evidente de alguns autores considerar que, de uma
ex-mulher, ele fosse pai de São Tiago Menor, e de outros que nos evangelhos são
referidos como irmãos do Senhor: pois havia apenas primos-primeiros de Cristo,
os filhos de Maria, irmã da Virgem Santíssima, esposa de Alfeu, que ainda vivia
no tempo da crucificação do Redentor. São Jerônimo assegura-nos[1] que São José
sempre preservou sua castidade virginal; e é de fé que nada contrário a isto
jamais ocorreu em relação à sua casta esposa, a Virgem Maria Santíssima. Ele lhe
foi dado pelo céu para ser o protetor de sua castidade, para defendê-la de
calúnias na ocasião do nascimento do Filho de Deus, e para assisti-la na
educação d’Ele, em sua caminhada, fatigas e perseguições.
Quão imensa foi a pureza e santidade daquele que foi escolhido como guardião da mais imaculada Virgem! Este homem santo parece ter desconhecido, por tempo considerável, o grande mistério da Encarnação, que fora nela forjado pelo Espírito Santo. Consciente, contudo, de seu próprio comportamento casto em relação a ela, era natural que uma grande preocupação surgisse em seu interior, ao descobrir que, não obstante a santidade do comportamento dela, com toda a certeza ela estava grávida. Mas sendo um homem justo, como as Escrituras o chamam, e consequentemente possuidor de todas as virtudes, especialmente a caridade e a mansidão em relação ao próximo, ele estava determinado a deixá-la em segredo, sem condená-la ou acusá-la, entregando tudo a Deus. Estas suas perfeitas disposições foram tão aceitáveis a Deus, o amante da justiça, caridade e paz, que antes que ele executasse o planejado, Ele enviou um anjo do céu, não para repreender qualquer coisa de sua santa conduta, mas para dissipar todas as suas dúvidas e temores, revelando-lhe o adorável mistério. Quão felizes seríamos se fossemos tão delicados em tudo que se relacionasse à reputação do próximo; tão livres de maus pensamentos ou suspeições, qualquer que fosse a certeza que fundamentasse nossas conjecturas ou nossos sentidos; tão controlados em usar nossa língua! Cometemos estas faltas somente porque, em nossos corações, somos desprovidos daquela verdadeira caridade e simplicidade da qual São José nos deu tão eminente exemplo naquela ocasião.
Quão imensa foi a pureza e santidade daquele que foi escolhido como guardião da mais imaculada Virgem! Este homem santo parece ter desconhecido, por tempo considerável, o grande mistério da Encarnação, que fora nela forjado pelo Espírito Santo. Consciente, contudo, de seu próprio comportamento casto em relação a ela, era natural que uma grande preocupação surgisse em seu interior, ao descobrir que, não obstante a santidade do comportamento dela, com toda a certeza ela estava grávida. Mas sendo um homem justo, como as Escrituras o chamam, e consequentemente possuidor de todas as virtudes, especialmente a caridade e a mansidão em relação ao próximo, ele estava determinado a deixá-la em segredo, sem condená-la ou acusá-la, entregando tudo a Deus. Estas suas perfeitas disposições foram tão aceitáveis a Deus, o amante da justiça, caridade e paz, que antes que ele executasse o planejado, Ele enviou um anjo do céu, não para repreender qualquer coisa de sua santa conduta, mas para dissipar todas as suas dúvidas e temores, revelando-lhe o adorável mistério. Quão felizes seríamos se fossemos tão delicados em tudo que se relacionasse à reputação do próximo; tão livres de maus pensamentos ou suspeições, qualquer que fosse a certeza que fundamentasse nossas conjecturas ou nossos sentidos; tão controlados em usar nossa língua! Cometemos estas faltas somente porque, em nossos corações, somos desprovidos daquela verdadeira caridade e simplicidade da qual São José nos deu tão eminente exemplo naquela ocasião.
Podemos
admirar em secreta contemplação, com que devoção, respeito e delicadeza ele
contemplava e adorava o primeiro de todos os homens, o recém-nascido Salvador
do mundo, e com que fidelidade ele se desincumbia de suas duas
responsabilidades, a educação de Jesus e a guarda de sua santa mãe. “Ele foi
verdadeiramente o servo fiel e prudente,” diz São Bernardo,[2] “a quem nosso
Senhor nomeou para o chefe do lar, o conforto e apoio de Sua mãe, Seu padrasto,
e o mais fiel colaborador na execução de seus mais profundos conselhos na
terra.” “Que felicidade,” diz o mesmo padre, “não somente ver Jesus Cristo, mas
também ouvi-Lo, carregá-Lo em seus braços, levá-Lo a lugares, abraçá-Lo e
acariciá-Lo, alimentá-Lo, compartilhar todos os grandes segredos que eram
ocultados dos príncipes deste mundo.”
“Oh,
assombrosa elevação! Oh, incomparável dignidade!” clama o piedoso Gerson,[3]
numa devota alocução a São José, “que a mãe de Deus, rainha dos céus, o chame
de senhor; que o próprio Deus feito homem o chame de pai e obedeça suas ordens.
Oh, gloriosa Tríade na terra, Jesus, Maria e José, que família mais querida à
gloriosa Trindade nos céus, Pai, Filho e Espírito Santo! Nada é tão grande na
terra, tão bom, tão excelente.” Em meio a estas graças extraordinárias, que
coisa há mais maravilhosa que sua humildade! Ele oculta seus privilégios, vive
como um homem obscuro, não escreve nada acerca dos grandes mistérios de Deus,
não indaga mais nada sobre os mistérios de Deus, deixando a Deus a decisão de
manifestá-los em Seu próprio tempo, procura cumprir a ordem da providência a
seu respeito, sem interferir com qualquer coisa, exceto a que lhe diz respeito.
Embora descendente da família real que tivera uma longa possessão do trono da Judeia, ele se contenta com sua condição de mecânico e artesão,[4] de cujo
trabalho tira o sustento para manter a si próprio, a sua esposa e a seu divino
filho.
Seríamos
ingratos a este grande santo se não lembrássemos que é a ele, como instrumento
de Deus, que devemos a preservação do menino Jesus do ciúme e da malícia de
Herodes, manifestada na matança dos Inocentes. Um anjo, que lhe apareceu em
sonho, ordenou-lhe que levantasse, tomasse o menino Jesus, fugisse com ele para
o Egito e ficasse lá até que lhe fosse ordenado que voltasse. Esta repentina e
inesperada fuga deve ter causado muitos inconvenientes e sofrimentos a José,
numa viagem tão longa, com uma criança pequena e uma virgem delicada, grande
parte do caminho sendo através de desertos e em meio a estranhos; mesmo assim,
ele não alegou nenhuma desculpa, nada perguntando acerca do momento do retorno.
S. Crisóstomo observa que Deus trata assim todos os seus servos, enviando-lhes
frequentes provas, para livrar seus corações da ferrugem do amor-próprio, mas
entremeando períodos de consolação.[5] “José”, diz ele, “está ansioso ao ver a
Virgem com o filho; um anjo remove o temor; ele regozija-se com o nascimento da
criança, mas um grande temor sucede; o rei furioso procura destruir a criança e
toda a cidade está em alvoroço para tirar sua vida. Isto é seguido por uma nova
alegria, a adoração dos Magos: uma nova tristeza então surge; ele recebe a
ordem de fugir para um país estrangeiro e desconhecido, sem auxílio ou alguém
conhecido.” É a opinião dos Padres da Igreja, que com a presença do menino
Jesus, todos os oráculos daquele país supersticioso ficaram mudos, e as estátuas
de seus deuses estremeceram e, em muitos lugares, caíram por terra, de acordo
com Isaías 19: E as estátuas egípcias estremecerão diante d’Ele.[6] Os Padres
também atribuem a esta divina visita as graças derramadas naquele país, que fez
dele, por muitos anos, um campo fértil de santos.[7]
Depois da
morte do rei Herodes, que foi informada a São José por meio de uma visão, Deus
ordenou-lhe o retorno, com a criança e a mãe, para a terra de Israel, ordem que
nosso santo prontamente obedeceu. Mas quando ele chegou à Judéia, sabendo que
Arquelau sucedera Herodes naquela parte do país, temendo que ele tivesse sido
infectado pelos vícios de seu pai – crueldade e ambição – ele temeu, por isso,
lá se estabelecer, como ele teria, de resto, feito, pelas facilidades de
educação da criança. E assim, sendo orientado por Deus em nova visão, ele se
fixou nos domínios do irmão de Arquelau, Herodes Antipas, na Galileia, em sua
residência anterior, em Nazaré, onde as maravilhosas ocorrências do nascimento
de Nosso Senhor eram menos conhecidas. São José, sendo um austero observante da
Lei Mosaica, em conformidade com ela, anualmente visitava Jerusalém para
celebrar a páscoa.
Arquelau, tendo sido banido por Augusto, e a Judeia tendo se tornado uma província romana, José não tinha, agora, nada a temer em Jerusalém. Nosso Salvador, tendo completado doze anos de idade, acompanhou seus pais até lá; os quais, tendo realizado as cerimônias usuais da celebração, estavam agora retornando, com muitos de seus vizinhos e conhecidos, para a Galileia. Sem nunca duvidarem que Jesus se unira ao grupo com algum amigo, viajaram durante todo dia sem procurar por Ele, antes que descobrissem que Ele não viajara com eles. Mas quando caiu a noite e eles não conseguiram obter nenhuma notícia d’Ele entre parentes e conhecidos, eles, na mais profunda aflição, retornaram com a máxima urgência a Jerusalém; onde, depois de uma busca ansiosa de três dias, eles O encontraram no templo, entre doutores da lei, ouvindo seus discursos e arguindo-os de forma a causar grande admiração a todos que O ouviam, deixando-os impressionados com a maturidade de Sua compreensão: tampouco seus pais ficaram menos surpresos na ocasião.
E quando sua mãe contou-lhe a aflição e o afinco com que Lhe procuraram, e para expressar sua tristeza por aquela privação, embora de curta duração, de sua presença, disse a Ele: “Filho, por que procedestes assim conosco? Eis que seu pai e eu andávamos angustiados à tua procura;” ela recebeu como resposta que, sendo o Messias e Filho de Deus, enviado por seu Pai ao mundo para redimi-lo, Ele deve cuidar das coisas do Pai, as mesmas pelas quais Ele fora enviado ao mundo; e portanto, era muito provável que eles O encontrassem na casa de Seu Pai: dando a entender que sua aparição em público naquela ocasião era para manifestar a honra de Seu Pai, e para preparar os príncipes dos judeus para recebê-lo como seu Messias; advertindo-os, a partir dos profetas, acerca do tempo de Sua vinda. Mas, embora permanecendo assim no templo sem o conhecimento de seus pais, Ele tenha feito algo sem a permissão deles, em obediência ao Seu Pai celeste, em todas as outras coisas, Ele lhes foi obediente, retornando com eles para Nazaré, e lá vivendo numa obediente sujeição a eles.
Arquelau, tendo sido banido por Augusto, e a Judeia tendo se tornado uma província romana, José não tinha, agora, nada a temer em Jerusalém. Nosso Salvador, tendo completado doze anos de idade, acompanhou seus pais até lá; os quais, tendo realizado as cerimônias usuais da celebração, estavam agora retornando, com muitos de seus vizinhos e conhecidos, para a Galileia. Sem nunca duvidarem que Jesus se unira ao grupo com algum amigo, viajaram durante todo dia sem procurar por Ele, antes que descobrissem que Ele não viajara com eles. Mas quando caiu a noite e eles não conseguiram obter nenhuma notícia d’Ele entre parentes e conhecidos, eles, na mais profunda aflição, retornaram com a máxima urgência a Jerusalém; onde, depois de uma busca ansiosa de três dias, eles O encontraram no templo, entre doutores da lei, ouvindo seus discursos e arguindo-os de forma a causar grande admiração a todos que O ouviam, deixando-os impressionados com a maturidade de Sua compreensão: tampouco seus pais ficaram menos surpresos na ocasião.
E quando sua mãe contou-lhe a aflição e o afinco com que Lhe procuraram, e para expressar sua tristeza por aquela privação, embora de curta duração, de sua presença, disse a Ele: “Filho, por que procedestes assim conosco? Eis que seu pai e eu andávamos angustiados à tua procura;” ela recebeu como resposta que, sendo o Messias e Filho de Deus, enviado por seu Pai ao mundo para redimi-lo, Ele deve cuidar das coisas do Pai, as mesmas pelas quais Ele fora enviado ao mundo; e portanto, era muito provável que eles O encontrassem na casa de Seu Pai: dando a entender que sua aparição em público naquela ocasião era para manifestar a honra de Seu Pai, e para preparar os príncipes dos judeus para recebê-lo como seu Messias; advertindo-os, a partir dos profetas, acerca do tempo de Sua vinda. Mas, embora permanecendo assim no templo sem o conhecimento de seus pais, Ele tenha feito algo sem a permissão deles, em obediência ao Seu Pai celeste, em todas as outras coisas, Ele lhes foi obediente, retornando com eles para Nazaré, e lá vivendo numa obediente sujeição a eles.
Aelred, nosso
compatriota, abade de Rieval, em seu sermão sobre a perda do menino Jesus no
templo, observa que essa Sua conduta em relação a Seus pais é uma verdadeira
representação do que ele nos mostra, quando ele, não raro, se afasta de nós por
um curto período para nos fazer procurá-Lo com mais afinco. Ele assim descreve
os sentimentos de Seus santos pais naquela ocasião:[8] “Consideremos o que era
a felicidade daquele abençoado grupo, no caminho de Jerusalém, a quem foi dado
contemplar Sua face, ouvir Suas doces palavras, ver n’Ele os sinais da sabedoria
e virtude divinas; e em suas conversações receber a influência de Suas verdades
que salvam e de Seus exemplos.
Os velhos e os jovens O admiravam. Creio que os meninos de Sua idade ficavam atônitos com a gravidade de suas maneiras e palavras. Creio que tais raios de graça lançados de Seu abençoado semblante atraiam os olhos, ouvidos e corações de todos. E quantas lágrimas eles não derramavam quando estavam longe d’Ele?” Ele continua, considerando qual deve ter sido o desconsolo dos pais quando eles O perderam; quais foram seus sentimentos e quão veemente fora sua procura: mas que alegria quando eles O encontraram novamente! “Revela-me”, diz ele, “Oh, minha Senhora. Oh, Mãe de meu Deus, quais foram seus sentimentos, seu assombro e sua alegria quando a senhora O viu novamente, sentado, não entre meninos, mas no meio de doutores da lei: quando a senhora viu os olhos de todos fixados n’Ele, os ouvidos de todos O escutando, grandes e pequenos, instruídos ou não, atentos somente em suas palavras e movimentos. A senhora diz então: encontrei Quem eu amo. Eu O abraçarei e não O deixarei mais se afastar de mim. Abrace-O, doce Senhora, segure-O firme; lance-se ao Seu pescoço, demore em seu peito, e compense os três dias de ausência multiplicando os gozos de vosso atual desfrute d’Ele.
Diga-Lhe que a senhora e Seu pai o procuraram em aflição. Por que se afligiram?, não por temor que Ele ficasse com fome ou necessitasse de algo, pois vocês sabiam que Ele era Deus: mas creio que vocês se afligiram por se verem privados dos gozos de Sua presença, mesmo por um curto período; pois o Senhor Jesus é tão doce para aqueles que O experimentam, que a mais mínima ausência é um motivo da maior aflição para eles.” Esse mistério é um emblema da alma devota, que Jesus por vezes se afastando e deixando-a na secura, a faça procurá-Lo com mais fervor. Mas, acima de tudo, quão fervorosamente não deve a alma que perdeu a Deus pelo pecado procurá-Lo novamente, e quão amargamente ela não deve deplorar sua extrema infelicidade!
Os velhos e os jovens O admiravam. Creio que os meninos de Sua idade ficavam atônitos com a gravidade de suas maneiras e palavras. Creio que tais raios de graça lançados de Seu abençoado semblante atraiam os olhos, ouvidos e corações de todos. E quantas lágrimas eles não derramavam quando estavam longe d’Ele?” Ele continua, considerando qual deve ter sido o desconsolo dos pais quando eles O perderam; quais foram seus sentimentos e quão veemente fora sua procura: mas que alegria quando eles O encontraram novamente! “Revela-me”, diz ele, “Oh, minha Senhora. Oh, Mãe de meu Deus, quais foram seus sentimentos, seu assombro e sua alegria quando a senhora O viu novamente, sentado, não entre meninos, mas no meio de doutores da lei: quando a senhora viu os olhos de todos fixados n’Ele, os ouvidos de todos O escutando, grandes e pequenos, instruídos ou não, atentos somente em suas palavras e movimentos. A senhora diz então: encontrei Quem eu amo. Eu O abraçarei e não O deixarei mais se afastar de mim. Abrace-O, doce Senhora, segure-O firme; lance-se ao Seu pescoço, demore em seu peito, e compense os três dias de ausência multiplicando os gozos de vosso atual desfrute d’Ele.
Diga-Lhe que a senhora e Seu pai o procuraram em aflição. Por que se afligiram?, não por temor que Ele ficasse com fome ou necessitasse de algo, pois vocês sabiam que Ele era Deus: mas creio que vocês se afligiram por se verem privados dos gozos de Sua presença, mesmo por um curto período; pois o Senhor Jesus é tão doce para aqueles que O experimentam, que a mais mínima ausência é um motivo da maior aflição para eles.” Esse mistério é um emblema da alma devota, que Jesus por vezes se afastando e deixando-a na secura, a faça procurá-Lo com mais fervor. Mas, acima de tudo, quão fervorosamente não deve a alma que perdeu a Deus pelo pecado procurá-Lo novamente, e quão amargamente ela não deve deplorar sua extrema infelicidade!
Como nenhuma
outra menção é feita a São José, ele deve ter morrido antes das bodas de Caná e
do começo do ministério de nosso divino Salvador. Não podemos duvidar que ele
tenha tido a felicidade da presença de Jesus e Maria em sua morte, rezando ao
seu lado, assistindo-o e confortando-o nos seus últimos momentos. Por isso, ele
é particularmente invocado pela grande graça de uma morte feliz e pela presença
de Jesus nesta hora tremenda. A
Igreja lê a história do patriarca José no seu dia, este que era chamado o
salvador do Egito, que ele livrou de uma fome fatal; e foi nomeado o mestre
fiel da casa de Putefar, do faraó e seu reino. Mas nosso grande santo foi
escolhido por Deus como o salvador da vida do verdadeiro Salvador das almas dos
homens, resgatando-O da tirania de Herodes. Ele está agora glorificado nos
céus, como o guardião e mantenedor de seu Senhor na terra. Como o faraó dizia
aos egípcios em suas tribulações: “Ide a José;” que nós confiantemente nos
dirijamos à mediação dele, a quem Deus, feito homem, esteve sujeito e obediente
na terra.
O devoto
Gerson expressou a mais calorosa devoção a São José, que ele empenhou-se em
promover por cartas e sermões. Ele compôs um ofício em sua honra, e escreveu
sua vida em doze poemas, chamados Josefina. Ele engrandeceu todas as
circunstâncias de sua vida através de piedosas afeições e meditações. Santa
Teresa o escolheu o principal patrono de sua ordem. No sexto capítulo de sua
vida, ela escreveu assim: “Escolhi o glorioso São José para meu patrono, e me
recomendo singularmente a sua intercessão em todas as coisas. Não me lembro de
ter suplicado a Deus alguma coisa por seu intermédio que eu não tivesse
conseguido. Nunca conheci alguém que, por sua invocação, não tenha muito
avançado na virtude: pois ele assiste de uma forma maravilhosa todos que se
dirigem a ele.” São Francisco de Sales, ao longo de seus “dezenove
entretenimentos”, recomendava grandemente a devoção a São José, e exaltava seus
méritos, principalmente sua virgindade, humildade, constância e coragem. Os
sírios e outras igrejas orientais celebram sua festa em 20 de julho; a Igreja
ocidental, em 19 de março. O papa Gregório XV, em 1621, e Urbano VIII, em 1642,
ordenou manter esta data como feriado de guarda.
A Sagrada
Família de Jesus, Maria e José, nos apresenta o mais perfeito modelo de
convivência na terra. Como aqueles dois serafins, Maria e José, viviam em sua
pobre casa! Eles sempre desfrutavam da presença de Jesus, sempre se abrasando
no mais ardente amor por Ele, inviolavelmente ligados à Sua sagrada Pessoa,
sempre ocupados e vivendo apenas por Ele. Quantos foram seus êxtases em
contemplá-Lo, qual foi sua devoção em ouvi-Lo, e seu gozo em possuí-Lo! Oh,
vida celestial! Oh, antecipação da beatitude celestial! Oh, convívio divino!
Podemos imitá-los, e compartilhar algum grau dessas vantagens, ao conversar
frequentemente com Jesus, e ao contemplar sua mais amigável bondade, acendendo
o fogo de Seu divino amor em nosso peito. Os efeitos desse amor, se ele for
sincero, aparecerá necessariamente na adoção de Seu espírito, na imitação de
Seu exemplo e virtudes; e em nosso esforço em caminhar continuamente na
presença divina, encontrando Deus em todos os lugares, e na consideração de
todo o tempo perdido que não dedicamos a Deus, ou à Sua honra.
__________
[1] L. adv.
Helvid. c. 9.
[2] Hom. 2.
super missus est, n. 16. p. 742.
[3] Serm de
Nativ.
[4] Isto
aparece em: Mat 23:55; S. Justino (Dial. n. 89. ed. Ben. p. 186.); S. Ambrósio (in Luc. p. 3.). Theodoreto
(b. 3. Hist. c. 18.) diz que ele trabalhou em madeira, como carpinteiro. S.
Hilário (in Matt. c. 14. p. 17.) e S. Pedro Chrisólogo (Serm. 48.) dizem que
ele trabalhava em ferro como ferreiro; provavelmente ele trabalhou tanto em
ferro quanto em madeira; opinião esposada por S. Justino, que diz: “Ele e Jesus
fabricavam arados e parelhas de bois”.
[5] Hom. 8. in Matt. t. 7. p. 123. ed. Ben.
[6] Isto é
afirmado por: S. Atanásio (1. de Incarn.); Eusébio (Demonstrat. Evang. l. 6. c. 20.); S. Cirilo (Cat. 10.); S.
Ambrósio (in Ps. 118. Octon. 5.); S. Jerônimo (in Isai. 19.); S. Crisóstomo e
St. Cyril of Alexandria, (in Isai.); Sozomeno, (l. 5. c. 20.); etc.
[7] Note 7.
Ver, Vidas dos Santos dos Pais do Deserto.
[8] Bibl.
Patr. t. 13.
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