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Dotado desde o berço o
felicíssimo São José com as mais doces bênçãos do céu, devia ter sentido pouco
as contingências da infância. Logo ao terceiro ano de sua idade lhe concedeu o
Senhor perfeito uso de razão com a ciência e luz infusa das coisas naturais e
morais; de maneira que, quando aos sete anos ou mais anos chega aos outros o
uso da razão, já São José era um homem perfeito nela e na santidade,
participando dentro dos limites e capacidade natural de um entendimento humano sobrenaturalmente
ilustrado, quanto era necessário e conveniente para a perfeita inteligência das
Escrituras, para penetrar os mistérios da fé e para o completo conhecimento das
coisas.
O Senhor, diz São Bernardo,
predestinando ao gloriosíssimo São José para ser na terra o depositário dos
seus mais sacratíssimos arcanos, o esposo da Mãe de Deus, o defensor da sua
virgindade, o pai reputado da Sabedoria eterna, é para considerar qual seria o
apuro de sua virtude, qual o agregado de seus dons sobrenaturais, a sua
prudência, a sua sabedoria.
Nele, como em epílogo, se acharam
coletivamente unidas todas as virtudes e perfeições, que aos mais Santos foram
comunicadas separadamente; por isso o Evangelho lhe dá o título de Justo,
atendendo à perfeita posse de todas as virtudes e bondade.
Quadra-lhe propriamente o emblema
com que foi representado, como uma colméia de abelhas com a epígrafe: Ex
omnibus unus, porque de todas as flores das singulares virtudes, em que os
Santos floresceram, fabricou São José um favo dulcíssimo no interior de seu
peito.
Nele reluziu a mais exata pureza e
no grau mais sublime não só dos sentidos, mas até dos afetos. Uma humildade tão
profunda, que, não ignorando a sublime Família, que governava, e as
incomparáveis honras, a que o onipotente Senhor o tinha elevado, nem por isso
deixou de buscar o sustento com o trabalho de seu humilde ofício, conspícuo de
humildade. Nele se viu a mais distinta caridade e amor de Deus, pois foi o
primeiro que começou a padecer, por amor de Cristo, com ânimo e tolerância tão
constante com que o dotou o Espírito Santo para sofrer em seu lugar aquelas
afrontas e calamidades, que ele havia de padecer na qualidade de esposo de
Maria. Brilhou nele, como em espelho puríssimo, uma fortaleza e domínio sobre
as paixões tão grande que chegara a tal grau de mortificação, que vivia
inteiramente insensível a qualquer atrativo terreno. Na resignação e obediência
foi admirável; na fidelidade e pureza de intenção foi exímio; na prudência foi
quase divino, tinha uma ciência vastíssima e eminente, penetrara os mais
profundos mistérios da Escritura.
A sabedoria de São José crescia
sempre mais que em qualquer outro justo, logrando em sumo grau as virtudes
teologais e cardeais, e os dons do Espírito Santo, em tudo mostrando que Deus
habitava em seu coração. O principal emprego de sua mocidade foram os
exercícios da mais exata observância da Lei, uma contínua e elevada
contemplação do Altíssimo, a que jamais chegou criatura alguma, depois de Maria
Santíssima. Com todas estas ilustrações do Espírito Santo, que foi o seu Mestre
e Diretor, como é possível que a sua pureza virginal sofresse o sacrilégio ou a
sombra da mais levíssima culpa? Ela foi confirmada no grau da mais alta graça
correspondente ao seu elevado ministério. A ele se concedeu o especial indulto
de ter ao menos ligadas, quando não extintas, as desordens da concupiscência, a
quem chamam fames peccati, pois jamais sentiu delas movimento impuro por toda a
vida, sem nunca ter cometido culpa venial com advertência.
São José, filho de Jacob e de Estha (ou de
Abigail – alegria do pai) – nasceu em Nazaré. Seu avô Nathan possuía grande
fortuna. Jacob tinha seis filhos, dos quais São José era o terceiro. Sua
educação, bem como a de seus irmãos, fora confiada a um velho israelita. São
José distinguira-se por sua inteligência, aplicação nos estudos e
extraordinária virtude. Isso era motivo para terem dele muita inveja e
molestá-lo por todos os meios.
Além das lições de seu
preceptor, freqüentava as aulas de Hillel, sábio e virtuoso israelita;
possuindo, aliás, ciência infusa. Tendo Jacob dado a cada um dos filhos um
pequeno jardim para tratar, o de São José era o mais bem cultivado, apesar dos
estragos que seus irmãos faziam muitas vezes e que ele, com a maior paciência,
recompunha, sem nunca pensar em vingar-se. A sua humildade exasperava-os ainda
mais. Muitas vezes, ajoelhado em seu jardim orando, ficava em êxtases, sendo
interrompido por seus irmãos que lhe davam pancadas e o atiravam ao chão.
Caluniado junto a seus pais, era pelo menos repreendido muitas vezes, sem que
se defendesse.
São José, aos 12 anos, fizera o
voto de virgindade e, para fugir aos maus tratos e censuras que sofria, foi
habitar com os Essênios que residiam em grutas cavadas nos rochedos, onde
passavam vida religiosa e se ocupavam em educar meninos. Todos os dias ele ia à
oficina de um velho carpinteiro e com ele aprendeu o ofício, no qual se tornou
exímio, pelos conhecimentos de geometria que adquirira.
Sabendo seus pais e irmãos onde
se achava São José, obrigaram-no a voltar para casa, o que fez por obediência.
Em seu aposento tinha o hábito de prostrar-se com o rosto por terra, com os
braços estendidos, e, levantando-se, procurar um lugar retirado e aí, em
êxtases, erguer-se do chão. Nessas ocasiões, quando visto por seus irmãos,
sofria toda a sorte de insultos e até pancadas.
Os vexames contínuos levaram
São José, com 18 anos de idade, a abandonar, secretamente, a casa paterna, não
levando sequer os vestuários indispensáveis. Um piedoso vizinho, sabendo de sua
resolução, forneceu-lhe o necessário para vestir-se. Dirigiu-se para Lebonah,
na Samaria, e empregou-se como ajudante de um modesto carpinteiro.
Seus parentes pensaram, a
princípio, que ele tivesse sido levado por bandidos, e, mais tarde,
descobrindo-o, quiseram obrigá-lo a voltar para casa, dizendo que estava
desonrando o nome da família, São José não cedeu e retirou-se para Taonach,
onde, de novo, se empregou como carpinteiro. Circunstâncias levaram-no a
Tiberíades onde permaneceu e soube da morte de seus pais e da indigência de
seus irmãos.
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Fonte: A vida de São José pela
Associação de Adoração Contínua a Jesus Sacramentado Livraria Francisco Alves,
1927
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