As
Quartas-Feiras são dedicados a São José
Quase todos católicos sabem que o mês de maio é
dedicado a Nossa Senhora, assim como o mês de junho ao Sagrado Coração de
Jesus, mas são poucos os que sabem que o mês de março é dedicado a São José,
assim como também todas as quartas-feiras da semana. A origem da devoção no mês
de março ao santo Patriarca é devida a pequenos impulsos provenientes de alguns
livros que incentivaram a referida devoção e que encontraram ressonância nos
fieis devotos. De fato, em 1802, foi impresso para uso da Confraria de uma
paróquia de Modena-Itália, um opúsculo “O mês do Lírio, ou seja, o mês de junho
consagrado a São José”. Um título estranho, assim como estranho foi o mês
escolhido, mas foi o começo de uma prática devocional ao nosso Santo que
perdurou mais de 200 anos.
Contudo, o mês de março se impôs
com a publicação em 1810, em Roma, do livro de Marconi intitulado “ O mês de
março consagrado ao glorioso Patriarca São José, esposo da Virgem Maria para
obter o seu patrocínio na vida e na morte”. São Gaspar Bertoni ficou entusiasmado com esse livro e
procurou ler suas meditações durante toda a sua vida passando a recomendar e a
celebrar os exercícios de piedade contidos nele, e, por fim, se preocupou com a
edição deste em 1844.
Em seguida, a prática do mês de São
José foi aprovada e indulgenciada; primeiro com uma explícita referência de Pio
IX, no dia 12 de junho de 1855; “sobre as virtudes do santo patriarca José ao
dedicar-lhe o mês de março”, depois, no dia 27 de abril de 1865, com as
palavras: ” para que aumente sempre mais a devoção para com o grande patrono
celeste e para que este método de oração se propague mais facilmente e
amplamente”; e com isso o papa concedeu indulgências a todos que praticassem o
exercício de oração e virtudes em relação a São José durante todo o mês de
março. O mesmo papa, no dia 4 de fevereiro de 1877, deu permissão para iniciar
o mês de São José no dia 16 ou 17 de fevereiro e para terminá-lo no dia 19 de
março, dia em que se celebra em toda a Igreja a festa do glorioso Patriarca.
O papa Leão XIII, na encíclica
“Quamquam pluries “ de 15 de agosto de 1889, lembra o salutar costume de
dedicar o mês de março a São José com exercícios de piedade e o recomenda a
todos os cristãos pedindo que se pratique ao menos um tríduo de oração por
ocasião de sua festa.
Por ocasião do cinquentenário da
proclamação de São José como Patrono da Igreja, no dia 25 de julho de 1920, o
papa Bento XV em seu Motu próprio Bonum sane pedia a todos os bispos para
implorarem a ajuda de São José lembrando-lhes as várias maneiras de devoção
dedicadas a ele, especialmente todas as quartas-feiras e o mês de março.
Da mesma maneira o papa João
XXIII, no dia 28 de fevereiro de 1962, lembrava que estava na vigília do mês de
março e que este mês era dedicado de maneira particular a São José, guarda
puríssimo de Maria e pai putativo do Redentor. Exortava, aos fieis a
aproveitarem desta ocasião propícia para seguirem com assiduidade e devoção a
pia prática do mês de março em honra a São José.
O papa João Paulo II em sua exortação
apostólica “Redemptoris custos” ensinou que São José é muito mais que uma
“piedosa presença” no âmbito das devoções populares, pois ele teve a missão de
servir diretamente a pessoa e a missão de Jesus mediante o exercício de sua
paternidade, cooperando com o mistério da salvação da humanidade.
Diante de lúcido pensamento, o mês de
março se apresenta como uma oportuna ocasião para conhecer o guarda do Redentor
e a ele tributar nossos louvores de devotos josefinos.
Ainda no que diz respeito a
prática da devoção a São José, é preciso dizer que os cristãos desde o século
II celebravam os domingos referência a Páscoa e as quartas e sextas-feiras em
referência ao dia a prisão e da morte de Cristo; inclusive estes dois dias da
semana eram considerados dias de jejum. Mais tarde, a partir do monge Alcuíno,
morto em 804, os dias da semana foram coligados com um mistério da salvação em
referência a uma virtude ou a um santo e então a quarta-feira passou a ser
ligada, dentre outras coisas, à virtude da humildade.
O nome de São José era celebrado
no dia 19 de março, segundo o Missal romano de Pio V, editado no ano de 1570,
mas seu nome não era ligado às quartas-feiras. Foi com o jesuíta Paul Barry,
que em 1939 publicou um livro sobre a devoção a São José que se consolidou o
costume de dedicar um dia da semana a São José, mas este não foi a
quarta-feira, mas o sábado. Para justificar essa prática o autor dizia de
”Destinar um dia da semana para honrar de maneira particularíssima São José, e
o sábado parece o mais indicado de todos para que ele seja honrado
conjuntamente com sua esposa no mesmo dia”. Esta ideia se difundiu, mas é
preciso notar que em vários países havia uma corrente de pensamento que
propunha a quarta-feira para honrar São José, e esta se tornou mais forte
depois do ano de 1650, sem, contudo desaparecer a ideia da prática devocional
nos sábados, sobretudo pela razão alegada de “não separar nas orações os
esposos de Nazaré”.
A confirmação da prática da
devoção a São José nas quartas-feiras se consolidou, sobretudo pelos incentivos
dos papas, como por exemplo, do papa Inocêncio XII que em 1695 concedia
indulgências aos membros da Confraria de São José que visitassem na
quarta-feira a igreja dos carmelitanos descalços em Bruxelas. Já o papa Bento
XIV concedia aos carmelitas descalços da Catalunha em 1745, a permissão de
celebrar uma missa solene de São José toda quarta-feira do ano. Da mesma
maneira o papa Clemente XIV autorizava aos mesmos religiosos celebrar uma
segunda missa solene aos fieis no mesmo dia. O papa Pio VII, em 1819, concedia
indulgência para todas as quartas-feiras do ano a quem rezasse nestes dias as
Dores e Alegrias de São José. No dia 5 de julho de 1883, o papa Leão XIII
confirmava a quarta-feira como dia de São José em toda a Igreja com missa
votiva correspondente. O papa Bento XV por ocasião do cinqüentenário da
proclamação de São José como Patrono da Igreja Universal enfatizava a
importância da consagração de todas as quartas-feiras e dos dias do mês de
março consagrados a São José.
Juntamente com as quartas-feiras
dedicadas a São José não faltou também, a partir de 1645, com o carmelitano
Antonie de La Mère de Dieu, da região de Avinhão – França, a prática devocional
“das quinze quartas-feiras” com meditações sobre os mistérios dolorosos e
gozosos de São José. Em 1676 o carmelitano belga Ignace de Saint-François
propôs a devoção “das sete quartas-feiras” em honra dos sete privilégios de São
José. Esta prática foi incentivada e seguida por várias congregações religiosas.
Por fim, Madre Marie-Marguerite de Valbelle no início de 1700, colocava para
sua comunidade a prática da “primeira quarta-feira” do mês com o objetivo de
obter do santo Patriarca a graça de uma santa morte. Esta prática foi acolhida
por Bento XV com indulgência plena para todos fieis que cumprissem esse
exercício de piedade josefino.
Pe. José Antonio Bertolin, OSJ
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