Pena temporal

Boa parte das pessoas tem uma visão deturpada sobre o Sacramento da Confissão – especialmente aquelas que são avessas ao catolicismo. Muitos dizem por aí: “Quer dizer que o sujeito peca pra caramba, depois se confessa e é perdoado? Depois peca de novo, e de novo, se confessa outra vez e tá tudo certo? Assim é fácil… Vocês católicos são muito engraçados!”.
Sim, se uma pessoa peca mil vezes, ainda que seja o mesmo pecado, pode ser efetivamente perdoada por Deus por meio da Confissão. Porém, quem critica ou hostiliza a doutrina católica sobre o perdão dos pecados desconhece dois fatores importantíssimos:
  • Para que a confissão seja válida, é preciso que o pecador esteja sinceramente arrependido e tenha a intenção de não pecar mais. Se, ao contrário, se confessar já planejando fazer a mesma coisa de novo, não obterá o perdão de Deus (como é o caso do anjo gaiato da tirinha aí em cima);
  • O pecado é perdoado na Confissão – ou seja, a amizade com Deus é refeita – e o pecador fica livre de ir para o Inferno. Entretanto, a “dívida” gerada pelas consequências do pecado não é anulada. Nesta vida ou na outra (no Purgatório) ele deverá pagar por todo o mal que fez.

E lá vêm os "catolicrentes" (mix de católico com crente) interpretando a Bíblia à moda do zaralho: “Como assim?! Tá escrito na Bibra que Deus esquece completamente os nossos pecados quando nos dá o seu perdão”.

…pois a todos perdoarei as faltas, sem guardar nenhuma lembrança de seus pecados. (Jer 31:34)

Ô meu filho, não basta pegar um versículo das Escrituras e interpretá-lo a seu bel-prazer, sem considerar todo o contexto dos textos sagrados e a doutrina da Igreja. Deus “se esquece” dos pecados confessados no sentido de que retoma a Sua amizade conosco com muito amor, sem reservas. Mas, como bom Pai, Ele exige que sejamos responsáveis e que façamos tudo o que pudermos para consertar nossos erros ou compensar o mal que fizemos com ações voltadas para o bem. Isso se chama PENITÊNCIA.
Se os "catolicrentes' estudarem mais um pouquinho, verão que o versículo da Bíblia que diz que Deus não guarda lembrança alguma dos pecados perdoados vem depois de uma série de tragédias e grandes sofrimentos vividos pelo povo de Israel, que estava exilado na Babilônia justamente por causa de seus pecados. Ou seja, o Senhor prometeu esquecer todas as culpas da galera, mas não sem antes mandar chumbo grosso pra tomarem vergonha na cara.
E o mesmo Deus que promete esquecer as nossas culpas deixa claro que nós também precisamos fazer a nossa parte para mostrar que somos minimamente “dignos” (digo minimamente, porque nunca o seremos de fato) de Sua misericórdia:

Mas me atormentaste com teus pecados, cansaste-me com tuas iniquidades. Sempre sou eu quem deve apagar tuas faltas, e não mais me lembrar de teus pecados. Refresca tua memória e discutamos: apresenta tuas contas, para te justificar! (Isaias 43:24-26)

Viram? Quem quer rir, tem que fazer rir!
Tendo sido purificados de nossos pecados, continuamos a ter a obrigação de assumir as consequências das nossas cagadas; é preciso quitar as dívidas que temos com o Senhor e com nossos irmãos.
Estas dívidas são as chamadas PENAS TEMPORAIS (ou seja, são penas passageiras, e não eternas, como a do Inferno), que podemos reduzir ou pagar completamente ainda nesta vida, de várias formas:
  • Cumprindo a penitência estabelecida pelo sacerdote após a nossa Confissão;
  • Aceitando os sofrimentos desta vida sem revoltas;
  • Perseverando na oração;
  • Praticando obras de caridade (“porque a caridade cobre a multidão dos pecados” (I Pedro 4:8)); Praticando gestos de mortificação
  • Recebendo indulgências. 

Se, ao batermos as botas, tivermos morrido na amizade com Deus, mas tivermos ainda algumas dívidas “não quitadas”, não poderemos ir direito para o Céu; será preciso passar uma temporada no Purgatório, até que nossa purificação esteja completa (Catecismo da Igreja Católica, itens 1030 e 1031).
Como diria a minha sábia vovó, rapadura é doce, mas não é mole não!

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Fonte:
http://ocatequista.com.br/?p=5936

7 de Março - Mês Dedicado a São José Como São José conheceu a misteriosa Conceição do Verbo na Virgem, e não a quis receber em Matrimônio; Declaração do Anjo ao mesmo Santo




           De volta a Nazaré, foram se acentuando os sinais da maternidade na Virgem Maria. Como Deus salvaria a honra de sua virgindade, perante os homens e aos olhos de São José? Este pensamento teve a Virgem Maria, mas o que teria sido uma angústia para uma alma de natureza vulgar, preocupada consigo mesma, não podia perturbar a serenidade daquela que tinha dito: “Eu sou a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a sua palavra”. – Os que se reconhecem instrumentos de Deus e se entregam a Ele na plenitude da fé, põem n’Ele toda sua confiança. Maria, diz Bossuet, entregou-se a Deus e permaneceu em paz.
            São José que não tinha sido iniciado no mistério do qual a Virgem Maria, por humildade e reserva, guardara o segredo, percebeu o seu estado. As aparências levariam a crer na infidelidade, mas o respeito à sua virtude afastava toda a suspeita. Não podendo penetrar nos desígnios de Deus, ele estava perplexo e na dúvida de recebê-la em matrimônio, isto é, de recebê-la em sua casa, para conviver com ela. Em sua justiça humana, tomou o partido que lhe pareceu melhor, qual o de afastar-se da cidade, fugindo daquele lugar para não denunciá-la, o que era obrigado a fazer pela lei.
            São José, em vez de fazer juízo temerário, via e ouvia o que se passava, sem dizer coisa alguma contra a Virgem Maria, tornando-se por isso o defensor da boa reputação, entre os cristãos.
            Versado como era nas sagradas escrituras e com a ciência infusa, lembrou-se que os Profetas asseguraram que uma Virgem seria a Mãe do Messias e então, em sua humildade, pensara: Ah! Que sou indigno; é preferível que me afaste secretamente por causa da minha indignidade e que não habite em sua companhia.
            Deus, porém, não quis deixá-lo neste estado por muito tempo. Uma noite, o Anjo do Senhor, o mesmo que lhe ordenou que comparecesse ao Templo e aceitasse a Virgem Maria como esposa, apareceu-lhe durante o sono e lhe disse: “José, filho de Davi, não temas receber Maria por tua mulher: porque o que nela se passa é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e o chamará – Jesus (Salvador) – porque Ele há de salvar o seu povo dos seus pecados”.
            E tudo isto aconteceu, para que se cumprisse o que disse o Senhor pelo profeta: “Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho. E chamarão o seu nome Emmanuel, que quer dizer: Deus conosco”.
            Certificado assim São José pela revelação do Anjo na evidência do mistério, despertou com o espírito sereno e cheio de incomparável júbilo, conheceu, manifestamente, a excelência de sua puríssima esposa, a quem reputou por Mãe verdadeira do mesmo Deus, dispondo-se, com o mais profundo desvelo e afeto, a servi-la e venerá-la, e nela ao mesmo Senhor, que trazia em seu virginal seio! Logo convocando os seus amigos e parentes, para a celebração das cerimônias externas a que os judeus chamavam casamento, recebeu-a como sua esposa; e viveram sempre como irmãos.
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A vida de São José pela Associação de Adoração Contínua a Jesus Sacramentado. Livraria Francisco Alves. 1927.