SOLENIDADE DA IMACULADA CONCEIÇÃO DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA, PAPA BENTO XVI, 2013



Estimados irmãos e irmãs
A todos vós, feliz festa de Maria Imaculada! Neste Ano da fé gostaria de ressaltar que Maria é a Imaculada por um dom gratuito da graça de Deus que, no entanto, encontrou nela uma disponibilidade e colaboração perfeitas. Neste sentido, Ela é «bem-aventurada» porque «acreditou» (Lc 1, 45), porque teve uma fé firme em Deus. Maria representa aquele «resto de Israel», aquela raiz santa que os profetas anunciaram. Nela encontram acolhimento as promessas da Antiga Aliança. Em Maria a Palavra de Deus encontra escuta, recepção e resposta, encontra aquele «sim» que lhe permite encarnar e vir habitar no meio de nós. Em Maria a humanidade e a história abrem-se realmente a Deus, acolhem a sua graça e estão dispostas a cumprir a sua vontade. Maria é expressão genuína da Graça. Ela representa o novo Israel, que as Escrituras do Antigo Testamento descrevem com o símbolo da esposa. E são Paulo retoma esta linguagem na Carta aos Efésios, onde fala do matrimónio e afirma que «Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, para a santificar, purificando-a pela água do baptismo com a palavra, para a apresentar a si mesmo toda gloriosa, sem mancha, sem ruga, sem qualquer outro defeito semelhante, mas santa e irrepreensível» (5, 25-27). Os Padres de Igreja desenvolveram esta imagem e assim a doutrina da Imaculada nasceu primeiro em referência à Igreja virgem-mãe e, em seguida, a Maria. Assim escreve poeticamente Efrém, o Sírio: «Como os próprios corpos pecaram e morrem, e a terra, sua mãe, é maldita (cf. Gn 3, 17-19), assim por causa deste corpo que é a Igreja incorruptível, la sua terra é abençoada desde o início. Esta terra é o corpo de Maria, templo no qual foi lançada uma semente» (Diatessaron 4, 15: sc 121, 102).
A luz que promana da figura de Maria ajuda-nos a compreender o verdadeiro sentido do pecado original. Com efeito, em Maria está plenamente viva e concreta aquela relação com Deus que o pecado interrompe. Nela não há qualquer oposição entre Deus e o seu ser: há plena comunhão, entendimento integral. Existe um «sim» recíproco, de Deus a Ela e dela a Deus. Maria é livre do pecado porque é toda de Deus, totalmente expropriada para Ele. É cheia da sua Graça, do seu Amor.
Como conclusão, a doutrina da Imaculada Conceição de Maria expressa a certeza de fé que as promessas de Deus se realizaram: que a sua aliança não falha, mas produziu uma raiz santa da qual germinou o Fruto abençoado de todo o universo, Jesus, o Salvador. A Imaculada demonstra que a Graça é capaz de suscitar uma resposta, que a fidelidade de Deus sabe gerar uma  verdadeira e boa.
Amados amigos, esta tarde, como de costume, irei à Praça de Espanha, para a homenagem a Maria Imaculada. Sigamos o exemplo da Mãe de Deus, a fim de que também em nós a Graça do Senhor encontre resposta numa fé genuína e fecunda.


Depois do Angelus
Antes de tudo, desejo assegurar a minha proximidade às populações das Filipinas atingidas nos últimos dias por um violento furacão. Rezo pelas vítimas, pelas suas famílias e pelos numerosos desabrigados. A fé e a caridade fraterna sejam a força para enfrentar esta prova difícil.

Fonte: http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/angelus/2012/documents/hf_ben-xvi_ang_20121208_po.html

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