Academia da Congregação Maria de Nossa Senhora Auxiliador e de São José

A Castidade entre S. José e Maria Santíssima.
É comum apreciarmos a cena do casamento de José com Maria, muito errada, onde ele é representado como um velho, fruto da invenção dos apócrifos em faze-lo um esposo decrépito de Maria, a fim de eximi-lo de qualquer que fosse a responsabilidade na concepção virginal de Maria. Esta ideia foi bem acolhida especialmente por nível popular na arte, na escultura, no teatro religioso, etc., sempre apresentando-o velho, careca ou com poucos cabelos brancos, numa atitude que representava mais um servo de Maria do que seu digno esposo.
Temos que recordar que Nosso Senhor é o Primogênito do gênero humano, até mesmo na ovulação de Nossa Senhora, teve sua primeira menstruação e logo veio a encarnação.
Uma reação a esta concepção errada e injusta só chegou com Gerson (1363-1429), o qual passou a exaltar a grande missão de José como esposo de Maria semelhante a ela nos dons e virtudes (L.Martin Gonzáles, Iconografia de São José, sus fuentes – Estudios Josefinos, 26 [1972] pg 203-212).
Naturalmente as razões para negar uma idade avançada a José, como esposo a partir de então, foram que se ele fosse muito velho seria um homem incapaz de gerar filhos, e de defender Maria de eventuais calunias de adultério e nem Jesus de ser um filho adulterino.
Além disso, não poderia desenvolver suas funções de pai nas diversas circunstâncias como a viagem de Nazaré a Belém e depois ao Egito com o retorno para Nazaré, e que teria dificuldade de prover as necessidades naturais para Jesus e Maria, pois teria suas forças físicas debilitadas.
Face a isso, segundo o conhecimento e as fontes de que hoje dispomos, e que os antigos escritores não tinham, é consenso comum atribuir a José aquela idade que era própria para um jovem hebreu casar-se, ou seja, entre os 18 a 25 anos (H.Haag, Diccionario de la Biblia, 1963 – voz matrimonio, col 1199).

4. A educação religiosa de S. José
A paternidade de São José foi, um dom de Deus e por isso ela foi dotada do que é essencial para qualquer paternidade dando-lhe plenamente a consciência de seus direitos e deveres. José foi depois de Maria, o primeiro adorador de Jesus, Filho de Deus; ele o circuncidou, apresentou-o no Templo, conduziu-o com cuidado e carinho juntamente com Maria para o Egito e depois os trouxe de volta para Nazaré. Ele depois providenciará laboriosamente com seu trabalho o sustento de Jesus e Maria.
Como muito bem afirmou Santo Tomás, o matrimônio de José com Maria e sua consequente paternidade, foram em vista da educação de Jesus, e neste sentido José exercitou os seus deveres, dentre os quais um dos mais importantes aquele da educação religiosa de Jesus, que segundo os costumes ele ensinou a Jesus desde as tradições nacionais, as quais em grande parte eram de natureza religiosa, assim como as prescrições dadas aos antepassados (Ex 10,2).
Fazia também parte desta educação religiosa o ensinamento dos textos literários (2Sam 1,18), ensinamentos este que Jesus recebeu particularmente na escola sinagogal. Claro que a mãe também tinha sua responsabilidade na educação dos filhos, tais como os elementos de instruções moral (Prov 1,8; 6,20), e por isso Maria foi juntamente com seu esposo a dedicada educadora de Jesus.
Não faltavam ainda na instrução religiosa a história da libertação do povo da escravidão e as grandes linhas da história da salvação, assim como os salmos, os ensinamentos dos profetas, etc. De tudo isso José foi um fiel executor. Portanto no processo educativo de Jesus, toda a sua vida foi impregnada dos exemplos e dos ensinamentos de José, assim como da educação profissional. É importante lembrar que os artistas também exprimiram este aspecto de José educador apresentando-o algumas vezes ao lado de Jesus diante de um livro instruindo-o.
O título mais comum que os teólogos encontraram para designar a paternidade de São José é "pai putativo", baseando-se em Lucas 3, 23: "Ao iniciar o ministério, Jesus tinha uns trinta anos, filho, segundo se pensava de José..." Esse título também diz pouco. Serve somente para afirmar que os habitantes de Nazaré acreditavam que ele era o pai, sem que ele o fosse, o que pode fazer com que também nós acreditemos sem que ele o seja.
Não encontrando uma palavra que possa expressar perfeitamente essa paternidade especial, o melhor seria continuar chamando São José simplesmente de "pai de Jesus", como a Sagrada Escritura sempre o chamou, não acrescentando nenhum adjetivo especial a esse título.

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