10º Dia - Mês do Sagrado Coração de Jesus





DÉCIMO DIA
Oremos por aquelas pessoas dentre nós que mais necessidade tem de orações.
Pai Nosso ... Ave Maria ... Glória ...
Jaculatória: “Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.

Jesus e o povo falto de pão no deserto
Há palavras bem comovedoras; Jesus vê a multidão que o segue esquecendo, em seu fervor o necessário à vida, e diz: “Te­nho compaixão deste povo; há já três dias que me segue e ainda não tomou alimento algum… Não o quero mandar embora neste estado, pois temo que lhe faltem as forças no caminho…” Vós pensais em tudo, bom Mestre, em tudo!… Se eu vos servir, se vos acompanhar, ainda mesmo que algures descure a vida material, tenho a certeza de que vós provereis as minhas necessidades em pessoa, e até por um milagre, se for preciso. Eu compreendo bem vossas pala­vras: “Buscai em primeiro lugar o reino dos céus, e tudo mais vos será dado em acréscimo!…” O mundo não o entende e zomba… Porém eu creio, meu Deus, creio!
“Recitarei uma dezena do terço para pe­dir à SS. Virgem um grande abandono à divina Providência”.

EXEMPLO
O Pe. Causséque, missionário em Madagascar, em setembro de 1890, relatava o seguinte: “Há cerca de 15 anos, um dos meus alunos de uns vinte anos de idade, veio uma 1ª sexta-feira, às 5 horas da manhã, procurar-me para se confessar. Depois da confissão, disse-me: “Padre, estou muito cansado, porém meu co­ração está contente”. — “Por que?” perguntei eu. — “É que ontem eu estava ainda muito longe, e temia não poder chegar a tempo da Comunhão de hoje que é a nona e completa os nove meses em honra ao Sagrado Coração. Mas caminhei ontem o dia inteiro, até 8 horas da noite, e aqui estou”. —“Pois bem, meu filho, disse-lhe eu, o Coração de Jesus te abençoará”.— “A bênção veio, de fato. Esse aluno de então é hoje pai de fa­mília com 12 filhos, e fez carreira. Da Comunhão da sexta-feira do mês passou, com a mulher e dois filhos, à comunhão semanal: e é feliz, tem boa posição e goza de ótimo conceito. Um europeu que lhe confiou grandes somas para negociar, disse-me a respeito: Com esse procurador, eu não examino contas: porque se viesse a duvidar de sua probidade, em quem me poderia mais confiar? E que era ele há 25 anos? Um pe­queno malgache paupérrimo e sem instrução, arrancado por um missionário ao paganismo, onde a mentira e ganância são vícios tradicionais. Hoje, é um bom chefe de família, estimado entre os seus, e honrado com a confiança dos estrangeiros. Glória ao Coração de Jesus!”
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Excertos do livro: Mês do Sagrado Coração de Jesus - Padre José Basílio Pereira - 2a. edição, 1913.

9º. Dia - Mês do Sagrado Coração de Jesus




NONO DIA
Oremos pelas pessoas que mais estimamos. 
Pai Nosso ... Ave Maria ... Glória ...
Jaculatória: “Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.

Jesus defende Madalena
Madalena tinha sido pecadora, estava, porém, arrependida e chorava aos pés de Jesus. Não era preciso tanto para comover o coração do bom Mestre; não só perdoa, mas vede como ele toma a sua defesa contra os que, no fundo de seus corações, diziam: É uma pecadora.— “É mais amante do que vós, respondeu Jesus. Vim à vossa casa, não me destes água para meus pés, e ela mos há banhado com as suas lágrimas; não me destes o ósculo de paz, e ela não cessou de beijar-me os pés… Por isso eu lhe digo: Tudo vos é perdoado, ide em paz!”
Lição de misericórdia que eu jamais esquecerei, ó meu Deus! Talvez que aqueles que eu desprezo dentro do meu coração, e os que acuso, sejam mais queridos de Deus, porque o amem muito mais.
“Porei sumo cuidado em julgar o pró­ximo, para não pensar mal de ninguém; e se fizer juízo temerário, mortificar-me-ei à refeição”.
EXEMPLO
Em Amsterdam, a Liga do apostolado em 1892 propôs-se a trabalhar seriamente na obra da conversão dos pecadores. A Liga contra cerca de 500 jovens, que se reúnem todos os domingos: no dia do Natal rogaram elas com instância ao Sagrado Coração, que convertesse ao menos um pecador cada semana, e em curto prazo já se haviam convertido vinte e um. Cada asso­ciada reza, diariamente, uma “Ave Maria ’’ nessa inten­ção, e procuram, por toda a parte, os transviados; quan­do os acham, dão os nomes ao Diretor, que, sem os de­clinar, na reunião seguinte pede orações por eles e, em seu favor, se faz uma comunhão e o Padre anuncia que num dia determinado dirá a missa nessa intenção, con­vidando a comungarem nesse ato todas as que puderem. Se o pecador é da paróquia, o Padre vai procurá-lo; se de outra, avisa ao respectivo Pároco, a fim de que o disponha. Estas piedosas diligências têm sido até agora coroadas de êxito. Havia aqui uma mulher de 70 anos que não queria ouvir falar de Deus: estava em grande perigo de morte, e não queria deixar-se levar para o hospital, dirigido pelas Irmãs de Caridade; enfurecia-se, quando lhe falavam nisso. As associadas da Liga, que­rendo convertê-la, vão ao Diretor: “Padre, nada conse­guimos; que se há de fazer?”— “Nós triunfaremos, ficai certas — respondeu ele— o Sagrado Coração nos ajudará. “Trazei-me aqui nove de vossas companheiras”. Chegadas estas, disse-lhes: “Começai uma novena com muito fervor; pedi a Nosso Senhor que a doente perca os sentidos, a fim de que se possa então transportá-la ao hospital”. A súplica foi ouvida e a pobre mulher veio para a companhia das irmãs. Mais tarde, volta a si e, vendo uma das Religiosas aos pés de seu leito, reúne todas as suas forças, salta ao chão e quer atirar-se pela janela; acode gente, conseguem contê-la e comunica-se o fato ao apostolado: este redobra as ora­ções, e faz dizer uma missa na intenção, comungando nela 400 associadas. Não tardou o triunfo completo: quatorze dias depois, a pobre pecadora, transformada e recebendo os confortos religiosos, morria, com todas as disposições da mais piedosa cristã.
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Excertos do livro: Mês do Sagrado Coração de Jesus - Padre José Basílio Pereira - 2a. edição, 1913.


8º. Dia - Mês do Sagrado Coração de Jesus


 

OITAVO DIA
Oremos para que Deus nos conceda a graça de re­pelir as tentações, que durante o dia experimentarmos.
Pai Nosso ... Ave Maria ... Glória ...
Jaculatória: “Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.

Jesus e os Aflitos
Que impressão deviam fazer nos cora­ções estas palavras de Jesus: “Oh vós, que estais oprimidos de dores e sofrimentos, vin­de a mim, que eu vos aliviarei!” Ainda nin­guém tinha falado assim; ninguém se havia mostrado tão acessível a todos como Jesus… Assim, vede: os pobres, os doentes, e os abandonados são os que o acompanham. — Quem os queria anteriormente? Quem não os bania de sua convivência? Ó Jesus, ensinai-me a ter um coração compassivo, a amar aqueles a quem ninguém ama, a acudir aos que todos repelem… Dai-me sempre muitos corações, a quem eu possa consolar durante a minha vida.
“Hoje procurarei ser útil a alguém da minha companhia”.

EXEMPLO
O Dr. José Charazac, fundador da Policlínica de Toulouse, autor de várias obras científicas elogiadas como de alto valor pela imprensa profissional, foi um verda­deiro cristão, sem fraqueza nem respeito humano. Co­meçava, habitualmente, o seu dia por uma longa visita à igreja de Beaulieu, onde, recolhido em fervorosa oração, oferecia ao Coração de Jesus as primícias de seus trabalhos. Depois, todo entregue aos deveres da profissão suportava-lhe as tarefas com uma paciência heroica, viajando a toda a hora do dia e da noite para acudir aos enfermos, sem olhar a tempo desfavorável nem a maus caminhos, e dirigindo-se primeiro e de preferência aos pobres: “Os ricos, dizia ele, tem mais recursos; lhes é mais fácil providenciar”. Seu grande espírito de fé lhe fazia ver no indigente a personificação de Jesus Cristo sofrendo. Um dia, um amigo lhe disse: “Meu caro, eu tenho muitos doentes para lhe mandar; devo, porém, prevenir que todos são clientes pobres e para consultas gratuitas”. — “Mas então, respondeu logo ele, não se há de tratar aos infelizes que não podem pagar médico? Mande-mos todos, e sempre”. E todos os enfermos que lhe enviei, informa esse amigo, volta­vam penhorados: não só lhes dispensava cuidados, mas fornecia-lhes remédios, dava-lhes até dinheiro, e com tanta bondade, que o modo de socorrer duplicava o mé­rito e o valor do serviço prestado. Aos 34 anos de idade, caiu gravemente enfermo, e preparou-se para a morte, comungando várias vezes na semana: no Coração de seu Deus é que o médico exemplar ia haurir a sua invencível coragem e perfeita resignação. Tinha filhos em tenra idade que a miúdo o acarinhavam; com os olhos marejados de lágrimas, ele dizia então aos que o cercavam: “Faça-se a vontade de Deus! eles não puderam conhecer-me bem; vós lhes direis quanto eu os amava!” Um pouco antes de expirar, exclamou: “Eu morro! mas diviso lá no alto uma felicidade mais perfeita, vejo o céu, eis a eternidade bem aventurada. Lá, eu vos tornarei a ver um dia”. E, levando a mão ao coração, sorriu docemente à família, traçou sobre si um grande sinal da cruz, e entregou a alma a Deus. Na sociedade médica de Toulouse, em sessão de 21 de novembro de 1892, o secretário geral, Dr. Bezy, fa­zendo o seu necrológio, dizia entre outras coisas: “Ao lado de numerosas coroas depostas sobre o seu féretro pela piedade dos seus, via-se um “bouquet” de violetas trazido, timidamente, por um “pobre menino” a quem Charazac salvara a vida por uma hábil traqueotomia… Pratiquemos as virtudes de que nos deixa o mais belo exemplo, e que resumem sua vida privada e sua carreira científica: Amor do trabalho, coragem na luta, bondade com os infelizes”.
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Fonte: Mês do Sagrado Coração de Jesus - Padre José Basílio Pereira - 2a. edição, 1913.

 



7o. Dia - Mês do Sagrado Coração de Jesus



 

SÉTIMO DIA
Oremos a fim de colher bons frutos das instruções que recebemos.
Pai Nosso ... Ave Maria ... Glória ...
Jaculatória: “Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.

Jesus e o Leproso
Ouvi este grito d’alma, este grito cheio de confiança e de amor: “Senhor, se quiserdes, podeis curar-me!” e ao mesmo tempo, acrescenta o Evangelho, lançava-se o leproso de joelhos e suplicava com as mãos er­guidas… Jesus para, estende-lhe as mãos e com elas toca as chagas do doente. “Sim, quero-o, diz Jesus, sê curado…” — Oh! e por que já não estarei eu curado do meu or­gulho, da minha sensualidade, da minha in­dolência, eu que tantas vezes vos hei tocado na santa comunhão? Faltar-me-ia a con­fiança?…
Meu Jesus, eu creio e espero! Curai-me!…
“Recitarei as minhas orações na igreja, como se estivesse vendo realmente Jesus Cristo”.

EXEMPLO
O Padre J. André, missionário de Callatupaty no Indostão, em 1884, quando ali reinava a peste, narra numa carta, o seguinte: Um dia, quando eu ia sair de casa, chegaram dois homens cobertos de suor: “Padre, dois cristãos de Vayalogam”. “De tão longe! Alguma extrema unção, sem dúvida”. — “Sim, Padre, para toda a aldeia”.—“Para toda a aldeia! Expliquem-se”.— “Pa­dre, leia”. E me apresentaram uma folha de palmeira em que leio: “Os cristãos de Vayalogam rogam ao Souami que os venha socorrer. A cólera está a suas portas, e já as três aldeias pagãs e turcas que cercam Vayalogam são dizimadas. Que o Padre não abandone seus filhos neste perigo; venha dizer-lhes uma missa e purificar suas almas, e eles se salvarão”. — “Meus amigos, res­pondi eu, desde que ninguém dentre vós foi atacado, não vedes que nosso Senhor vos defende? Vossa aldeia é tão longe! É viagem de uma semana! Ora, vós sabeis que cada hora do dia e da noite eu posso ser chamado aqui para alguma vítima da cólera ou da varíola”. — “Então, dizei o que devemos fazer”. — “Amigos, como eu mesmo não posso ir, vou fornecer-vos um substituto que, sem dar a ninguém a extrema unção, fará o que eu não posso fazer. Aqui está uma imagem do Sagrado Coração de Jesus. Lembro-me de que numa grande ci­dade de minha pátria, em Marselha, a cólera chegou a fazer 120 vítimas por dia. 
No mais forte da epidemia, o bispo fez um voto ao Coração de Nosso Senhor; desde esse dia, ninguém mais foi atacado. Tomai sua imagem, e no domingo próximo, levai-a em procissão pela aldeia: Os poucos pagãos que há por lá não po­derão opor-se”.— “Ao contrário; foram os mais em­penhados em que viéssemos chamar-vos”. — “Mas não é tudo. Enquanto durar o flagelo, todos os dias pela manhã e à noite, reuni-vos no maior número possível na igreja, e recitai a ladainha do Sagrado Coração. E que nenhum menino falte, mesmo os que apenas princi­piam a caminhar”. —“Mas, Padre, um grande número desses meninos ainda não sabem as orações”.—”Não importa. Dizei-lhes só que é preciso pedir a Deus que preserve a aldeia de todo o mal: Nosso Senhor lhes inspirará a maneira de o exprimirem. Além disto, a presença deles, por si, é uma oração que sobe ao céu. Quanto aos adultos, que tenham cuidado em não ofender ao Coração Divino. Ide, fazei o que digo, e es­tareis salvos.
Dois meses depois, bate à minha porta o guarda da igreja de Vayalogam. — “E então, Aroupalen, a cólera?’ — “Desapareceu, padre”. — “Quantas vítimas?” — “Ne­nhuma entre nós. Porém fez muitas entre nossos vi­zinhos pagãos e turcos”.
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Fonte: Mês do Sagrado Coração de Jesus - Padre José Basílio Pereira - 
2a. edição, 1913.

 



6o. Dia - Mês do Sagrado Coração de Jesus



Sexto Dia

Oremos em união com as Religiosas que por voto guardam silêncio.
Pai Nosso ... Ave Maria ... Glória ...
Jaculatória: “Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.

Jesus e o paralítico da piscina
Há já 38 anos que este infeliz está ali, esperando a sua cura sem pensar em pedi-la àquele que é só quem lha pode dar, ao Deus da imensa bondade.
Passa Jesus… o doente nem pensa nele, e contudo é este bom Mestre que lhe diz: “Queres ser curado…?”— “Não tenho quem me valha”, responde o doente… Ah! com certeza tu não conheces Jesus, pobre desgraçado!… Pede-lhe que te cure. Ele nem sequer lho pede, e Jesus cura-o… Como sois bom, ó meu Jesus! Fazei-nos bem, ainda quando vo-lo não sabemos pedir… e eu que vo-lo peço; serei desatendido? Não, não! creio-o firmemente!
“Hoje praticarei algum ato particular de bondade a fim de agradar a Deus”.

EXEMPLO
Em outubro de 1890, de uma cidade do sul de França, recebia o diretor do Apostolado a seguinte comunica­ção: “Aproveito a minha primeira hora livre, para vos noticiar que o Sagrado Coração ouviu as minhas súplicas em favor do meu querido pai. De 22 para 23 anos minha alma não cessava de recorrer a Deus; mas, obtendo aos poucos a liberdade de fazer as minhas devoções, eu vi esse coração de pai sempre afastado da religião. Não porei na balança da misericórdia divina meus sacrifícios contínuos, minhas promessas de “vítima” pela salvação dessa alma cara. Mas uma enfermidade longa, inexorável, veio visitar meu pobre pai, e com ela o isolamento, a reclusão, a inação forçada. Cerquei-o de cuidados e de afeição: mas tinha sempre motivos de chorar por sua alma. O caro enfermo tinha consigo o escapulário do Sagrado Coração que eu lhe cosera nas vestes… Um zeloso missionário renovava, mas em vão, suas visitas, no intuito de trazer a melhores sentimentos o velho advogado e político. O santo sacrifício da missa era oferecido quase diariamente por ele. Afinal, uma noite em que o bom religioso velava ao seu lado, ele chama de repente: “Padre, eu preciso que me ajudeis a cumprir um grande dever: eu quero confessar-me”. Quando terminou, eu me aproximei do leito e lancei-me em seus braços. Disse-me então com lágrimas: “Fiz o que de há muito desejavas, e me sinto satisfeito”.
O enfermo testemunhava com lágrimas sua fé e arrependimento. Alguns dias depois, uma crise terrível quase o leva repentinamente. — “Meu Deus, dizia eu, vós fizestes tanto: concedei-lhe ainda uma absolvição e o sacramento dos moribundos”. E o Senhor ouviu minha súplica; a morte, que parecia já arrancá-lo, mo restituiu: ele recebeu com alegria a santa unção. En­fim, no dia 8 de junho, um mês depois de voltar a Deus, extinguia.se, docemente, com o crucifixo nas mãos, a serenidade nos traços e a resignação no co­ração” .

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Excertos do livro: Mês do Sagrado Coração de Jesus - Padre José Basílio Pereira - 2a. edição, 1913.


5º Dia- Mês do Sagrado Coração




QUINTO DIA
Oremos pelas almas fracas que estão a ponto de se deixarem arrastar para o mal.
Pai Nosso ... Ave Maria ... Glória ...
Jaculatória: “Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.

Jesus e o pai aflito que pede a cura de seu filho
O Coração de Jesus não pôde resistir às lágrimas, sobretudo às que se derramam pelos outros… “Vai, diz ele a este pai aman­te, vai, teu filho está salvo”. Ah! quem é que não terá em torno de si almas cujo estado seja bem mais perigoso, ainda que diferente­mente, que o desta criança?…para curá-las, ide a Jesus, orai, chorai e esperai com toda a confiança… — Fazei-me ouvir depressa, meu Deus, em favor daqueles que amo e cuja santificação desejo, estas palavras: “Consola-te… todos eles vivem para o céu”.
“Eu me mortificarei hoje, abstendo-me de dizer qualquer palavra que desagrade a Jesus”.

EXEMPLO
O castelo de Villargoix, em Côte d’Or, pertence a uma nobre família cristã, onde o cumprimento dos deveres religiosos é tradicional e, de tempos imemoriais, se ob­serva o costume de fazer em comum a oração da noite, recitando-a, em voz alta, o chefe da família, reunidos ao toque do sino todos os parentes e os domésticos. Muito naturalmente, pois, entrou aí o culto ao Coração de Jesus; e com ele vieram bênçãos e graças particu­lares sobre a casa. Um dia, o proprietário, marquês de Belathier Lantage, tendo a seu lado um filho, exami­nava a construção já adiantada de uma abóbada que devia ligar duas partes do castelo, quando se ouviu um medonho estalo. O marquês aterrado, tem, entretanto, a inspiração de fazer um voto ao Sagrado Coração: num momento a abóbada se faz em pedaços e cai em terra, mas o piedoso cristão se vê são e salvo sobre uma barra de ferro solidamente encravada na parede, en­quanto o filho, sem o sentir, escorrega suavemente ao longo de uma grossa trave, que o depõe sem um arranhão sobre a relva.
Em cumprimento do seu voto, o marquês dedicou sua capela ao Sagrado Coração, gravando sob a santa ima­gem a seguinte inscrição: “Eles me constituíram o guarda de sua casa”; e a devota família dizia agrade­cida: “O Coração de Jesus nos guarda, e nós montamos guarda ao Coração de Jesus”.
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Excertos do livro: Mês do Sagrado Coração de Jesus - Padre José Basílio Pereira - 2a. edição, 1913.



4o. Dia - Mês do Sagrado Coração de Jesus



QUARTO DIA
Oremos em união com as pessoas que hoje comungaram.
Pai Nosso ...
Ave Maria ... 
Glória ...
Jaculatória: “Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.

Jesus e a Samaritana
Lá vos estou vendo, Senhor, oprimido de fadiga, assentado à borda do poço de Jacó, aguardando os que passam, dizendo a todos: “Dai-me de beber; tenho sede do vosso coração, dai-mo; tenho sede da vossa inocência, conservai-ma…” Ah! Jesus meu, quantas vezes não vos tenho eu recu­sado esta esmola, para dar às leviandades, às paixões, às vaidades…e vós não desanimastes, continuáveis a pedi-la sempre… Sim, Jesus meu, vos quero dar este alívio que me pedis, e do qual pareceis carecer…Que quereis de mim no dia de hoje? fideli­dade no cumprimento dos meus deveres, amor nas minhas orações?… Eis-me aqui, Senhor…pedi o que quiserdes.
“Recitarei, com mais atenção, as mi­nhas breves orações, durante o dia”.

EXEMPLO
O Pe. Ludovico de Casória, encontrando uma vez, absorta em profundo estudo, a ilustre napolitana Cata­rina Volpicelli, disse-lhe : “Virá um tempo em que fecharás todos os livros. Jesus te abrirá o livro de seu Coração, que diz infinito amor a cada página, a cada palavra”. E assim foi: Catarina, meditando, junto ao sagrado tabernáculo, inflamou-se de tanto fervor que, deixando tudo, foi encerrar-se entre as perpétuas adora­doras do SS. Sacramento. O Senhor, porém, dispunha a seu respeito maiores coisas, e quis que, obrigada a sair do convento por motivo de saúde, fizesse no mundo ainda mais do que teria podido fazer no claustro. Ar­dendo em santo zelo, empregou no serviço de Deus quanto era, tinha e podia: o talento, os estudos, os raros dons da natureza e da graça, o rico patrimônio, suas obras, a própria vida, tudo ofereceu e sacrificou ao Sagrado Coração, com um ato solene que assinou com o próprio sangue, chamando-se vítima e escrava do divino amor. Fundou o instituto das Servas do Sa­grado Coração e, em Nápoles, o santuário do Coração de Jesus, sede do Apostolado de que ela foi a primeira Zeladora. Criou a “Voz do Coração de Jesus”, periódico mensal da Santa Liga, instituiu a obra da Adoração Reparadora, e da assistência às igrejas pobres, o Or­fanato das meninas, várias congregações de piedade para as jovens, a Biblioteca para a divulgação dos bons livros, quem poderia enumerar todas as obras que realizou sob o impulso onipotente da caridade divina? 
Era, todavia, tão humilde, que se tinha como a. última e ínfima entre as servas do Sagrado Coração; e nunca a sua devoção arrefeceu um instante, pois, ainda na hora extrema da vida, quando, placidamente e com inefável sorriso nos lábios, estava para voar à pátria celeste, quis novamente oferecer-se como vítima ao Divino Coração com o ato solene que o Sumo Pontífice chamou “voto heroico”.

Fonte: Mês do Sagrado Coração de Jesus - Padre José Basílio Pereira - 2a. edição, 1913.




3o. Dia - Mês do Sagrado Coração de Jesus



  
TERCEIRO DIA
Oremos por aquelas pessoas a quem Deus reserva no presente dia alguma dolorosa provação. 
Pai Nosso ... Ave Maria ...  Glória ...
Jaculatória: “Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.

Jesus e a pobre viúva de Naim que chorava seu filho
Afigura-se-vos, na vossa primeira ida­de, que nunca sofrereis grandes dores… Mas ai! também vos chegarão essas penas, que dilaceram o coração arrancando-lhe tudo o que ele ama. Lembrai-vos então que há sobre a terra um Deus previdente, que vê todas as dores: Jesus, —é quem vos conso­lará. É principalmente na comunhão que ele nos diz: “Não choreis… eu vos conduzirei aonde estão aqueles que amais; vinde, não me deixeis”.—Dai-me, meu Deus, o amor da Eucaristia !.é aí que se acha a conso­lação e a paz… sei que aí não me enga­nam… aí ouço, confortado, essas palavras: “Não chores”.
“Irei diligente fazer a minha visita ao SS. Sacramento”.

EXEMPLO
“Hás de ter sabido o que sucedeu, ultimamente, ao nosso Júlio, escrevia de Bretanha, em 1883, uma boa mãe cristã a outra sua amiga. Ele comandava o “Alceste”, navio à vela, e já avariado; tinha sob suas or­dens cerca de 500 homens. Voltando para Brest, foi sur­preendido por quatro tempestades terríveis, redemoinhos e vagas de 30 pés de altura que cercavam o navio. Uma rajada de vento despedaçou-lhe a vela grande; outra levou-lhe suas três chalupas; e assim é que chegou à baía dos Mortos, que tem esse nome pelos muitos si­nistros que nela ocorrem. Foi-lhe preciso passar o Goulet para entrar na enseada; e sabes quanto ele é estreito e perigoso. Junte-se a isto um mar medonho, um vento assustador, e noite escura, sem haver piloto e estando ocultos os faróis pela altura das vagas; mas o nosso bom Júlio tinha feito pregar na popa de seu navio uma imagem do Sagrado Coração e, cheio de confiança nessa proteção, prometeu uma missa em ação de graças, se che­gasse ao porto de salvamento com toda a equipagem; e assim aconteceu. Imagina o que minha pobre Cecília passou, mas ouve também o que me escreve: “Tive ontem um desses momentos de felicidades que fazem es­quecer todos os sofrimentos passados. Dizia-se a missa, em ação de graças, em S. Luís: e Júlio, de uniforme, tinha ao pé o seu segundo oficial, protestante conver­tido pelo prodígio que viu; depois todos os oficiais, acompanhados de suas mulheres e parentes: e atrás deles a equipagem, todos perfilados militarmente e numa atitude respeitosa. Foi um ato de fé público, que muito me comoveu e deixou em todos ótima impressão”.



2º. Dia - Mês do Sagrado Coração de Jesus




SEGUNDO DIA

Oremos pelas almas que estão em pecado e não pensam em se confessar.
Pai Nosso ...
Ave Maria ... 
Glória ...
Jaculatória: “Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.
Jesus e Lázaro
De pé, junto do túmulo do amigo, Jesus está chorando… Ó Jesus, muito amor tendes vós aos vossos amigos! Quanto me enternecem as vossas lágrimas! como de­monstram a ternura do vosso piedosíssimo Coração! Elas suscitam em mim uma recor­dação que me punge e ao mesmo tempo me comove: a daqueles dias em que, morta a minha alma à graça, ainda corríeis a vê-la e choráveis sua sorte…O meu Anjo da Guarda, testemunha de vossas lágrimas, di­zia, lembrando a observação dos judeus: “Como Jesus ama esta alma!” Agradeço-vos, meu Deus, a vossa imensa bondade! Lázaro seguiu-vos…do mesmo modo quero que todas as faculdades de minha alma, que todo o meu ser sejam empregados em vosso serviço para começar já hoje.
“Serei fiel em cumprir os meus deveres para agradar a Deus”.

EXEMPLO
Em Lião, refere o Pe. Trouiller em 1893, um chefe de família, arredio das práticas religiosas desde muitos anos, achava.se gravemente enfermo. Atacado como fora de uma apoplexia, propôs-lhe um dos parentes que aceitasse a visita de um padre. Irritado, respondeu que não. Repetindo-se o ataque, um amigo esforçou-se por trazê-lo a melhor resolução: retorquiu, vivamente, que não lhe falasse mais no assunto, sob pena de briga­rem. Entretanto, os progressos do mal eram rápidos, e o perigo iminente. A família, então, angustiada, recorreu ao Coração de Jesus, refúgio dos pecadores e abismo de misericórdia.
O enfermo acabava de sofrer terceiro ataque. Deram-lhe um escapulário do Sagrado Coração, que tocara em Paray uma das mais preciosas relíquias de S. Margarida Maria, e uma pessoa que o doente prezava teve a ins­piração de trazer a vê-lo um sacerdote que ele conhecia e estimava. Com surpresa de todos, a visita foi logo aceita; e, depois de longa conferência, o Padre retira­va-se, declarando que seu penitente podia receber os últimos sacramentos.
No dia seguinte, (uma quinta-feira santa), a zelosa senhora que oferecera o precioso escapulário, voltando a visitar o remisso, encontrou-o sentado numa poltrona, tendo nas mãos um livro de orações que recitava devotamente. Uma. bem ornada mesa esperava a Sagrada Eu­caristia que, dentro de poucos instantes, viria encher de graças a alma do pobre pecador. E, com a saúde espi­ritual, o Coração de Jesus restituiu-lhe a saúde do corpo.
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 FonteMês do Sagrado Coração de Jesus - Padre José Basílio Pereira - 2a. edição, 1913.


Mês do Sagrado Coração de Jesus - Exercícios Cotidianos

EXERCÍCIO COTIDIANO


Invocação do Espírito Santo

Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fieis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V. — Enviai o vosso Espírito e tudo será criado.
R. — E renovareis a face da terra.

ORAÇÃO
Deus, que esclarecestes os corações de vossos fieis com as luzes do Espírito Santo, concedei-nos, por esse mesmo Espírito, conhecer e amar o bem e gozar sempre de suas divinas consolações. Por Jesus Cristo Nosso Senhor. Amém

Oração preparatória
(100 dias de indulgência — Leão XIII, indulto de 10 de dezembro de 1885)

Senhor Jesus Cristo, unindo-me à divina intenção com que na terra pelo vosso Coração Sacratíssimo rendestes louvores a Deus e ainda agora os rendeis de contínuo e em todo o mundo no Santíssimo Sacramento da Eucaristia até a consumação dos séculos, eu vos ofereço por este dia inteiro, sem exceção de um instante, à imitação do Sagrado Coração a Bem aventurada Maria sempre Virgem Imaculada, todas as minhas intenções e pensamentos, todos os meus afetos e desejos, todas as minhas obras e palavras.
 Amém.

Lê-se a intenção própria do dia, recitando em sua conformidade
um Pai Nosso, uma Ave Maria, o Glória a jaculatória: Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais. 

Em seguida
a Meditação correspondente ao dia e, depois, a Ladainha do Sagrado Coração.

LADAINHA DO SAGRADO CORAÇÃO
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Deus Pai dos céus, tende piedade de nós.
Deus Filho, Redentor do mundo, tende piedade de nós.
Deus Espírito Santo, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, Filho do Pai Eterno, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, formado pelo Espirito Santo no seio da Virgem Mãe, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, unido substancialmente ao Verbo de Deus, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, de majestade infinita, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, templo santo de Deus, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, tabernáculo do Altíssimo, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, casa de Deus e porta do céu, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, receptáculo de justiça e amor, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, abismo de todas as virtudes, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, digníssimo de todo o louvor, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, rei e centro de todos os corações, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, no qual estão todos os tesouros da sabedoria e ciência, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, no qual habita toda a plenitude da divindade, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, no qual o Pai celeste põe as suas complacências, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, de cuja plenitude nós todos participamos, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, desejo das colinas eternas, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, paciente e misericordioso, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, rico para todos os que vos invocam, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, fonte de vida e santidade, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, propiciação para os nossos pecados, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, saturado de opróbios, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, atribulado por causa de nossos crimes, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, feito obediente até a morte, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, atravessado pela lança, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, fonte de toda a consolação, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, nossa vida e ressurreição, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, nossa paz e reconciliação, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, vítima dos pecadores, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, salvação dos que em vós esperam, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, esperança dos que em vós expiram, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, delícia de todos os Santos, tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.
V. — Jesus, manso e humilde de coração,
R. — Fazei o nosso coração semelhante ao vosso.


ORAÇÃO
Onipotente e sempiterno Deus, olhai para o Coração de vosso diletíssimo Filho e para os louvores e satisfações que ele vos tributa em nome dos pecadores, e àqueles que invocam vossa misericórdia, concedei benigno o perdão, em nome do mesmo Jesus Cristo, vosso Filho, que convosco vive e reina juntamente com o Espírito Santo por todos os séculos dos séculos. Amém.

Para concluir, a seguinte fórmula de consagração
(300 dias de indulgência. Leão XIII, Decreto de 28 de maio de 1887)

Recebei, Senhor, minha liberdade inteira. Aceitai a memória, a inteligência e a vontade do vosso servo. Tudo o que tenho ou possuo, vós mo concedestes, e eu vo-lo restituo e entrego inteiramente à vossa vontade para que o empregueis. Dai-me só vosso amor e vossa graça, e serei bastante rico e nada mais vos solicitarei.
Doce Coração de Jesus, sede meu amor. (300 dias — Pio IX).
Doce Coração de Maria, sede a minha salvação. (300 dias — Pio IX).

(7 anos e 7 quarentenas de indulgência cada dia e uma indulgência plenária no fim).

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Excertos do livro: Mês do Sagrado Coração de Jesus - Padre José Basílio Pereira - 2a. edição, 1913.

1º. Dia - Mês do Sagrado Coração de Jesus




MEDITAÇÕES
- I -
Os terníssimos afetos do Coração de Jesus

PRIMEIRO DIA
Oremos para que em todo este mês não se cometa um só pecado mortal em nossa família. 
Pai Nosso ...
Ave Maria ... 
Glória ...
Jaculatória: “Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.

Jesus e as criancinhas
Jesus está assentado e, em redor dele, estão os discípulos; lá adiante, por entre a multidão, seu olhar paternal descobre umas criancinhas que tímidas se aconchegam às mães; Jesus estende-lhes os braços como a chamá-las.
Os pequenos compreendem esse convi­te afetuoso e logo correm a Jesus que os abraça, abençoa, detém junto de si e lhes fala do céu. Os Apóstolos, temendo que eles incomodassem o divino Mestre, queriam afastá-los… “Não, diz Jesus, deixai que as criancinhas se cheguem a mim”.
Que cena tocante! Ó Jesus, também eu sou criança e também, como elas, corro a vós; acariciai-me, abençoai-me, falai-me do céu.
Se me conservar simples, inocente, afável, me haveis de querer: não é assim meu Jesus? Afastai-vos, pois, pensamentos, de­sejos, afeições que arrancareis do coração o que agrada a Jesus.
“Preparar-me-ei devotamente para a minha próxima Comunhão”.

EXEMPLO
“Deixai os pequeninos virem a mim, porque deles é o reino dos céus. Foram certamente essas palavras partidas do Coração de Jesus que ditaram a seu Vigário na terra o decreto sobre a Comunhão dos meninos, mandando que se lha dê logo que neles se acenda o lume da razão e saibam distinguir entre o pão da alma e o do corpo; e os fatos providencialmente se tem encarregado de provar que, ao invés de retardar a primeira Comunhão para além do primeiro decênio da vida, é justo, muitas vezes, permiti-la até no primeiro lustro… Um desses casos é o de Nellie, chamada “a pequena violeta do SS. Sacramento”, morta aos 4 anos e meio de idade, a 2 de fevereiro de 1908, no convento do Bom Pastor, em Cork na Irlanda, e cuja “vida” corre impressa num volume de 225 páginas sob os auspícios e bênçãos de Pio X. Nellie, a primeira vez que viu a Sagrada Hóstia exposta, exclamou radiante: “Ali está o Deus Santo!” E dizia depois muitas vezes: “É preciso que vá hoje à casa de Deus Santo: eu quero con­versar com Ele”. Abraçando com efusão as pessoas que haviam comungado, sem que lho houvessem dito, lhes declarava: “Eu sei que hoje recebeste o Deus Santo”. Quando, ferida de uma enfermidade mortal, lhe anun­ciaram que faria a sua primeira Comunhão, deu um grito de alegria, exclamando: “Terei então breve o Deus Santo em meu coração!” E, no curso de sua dolorosa enfermidade, recebeu muitas vezes a Hóstia Sacrossanta, recolhendo-se em fervorosas ações de graças que dura­vam duas e três horas, e suportando seus padecimentos até o fim, com uma resignação admirável e edificante, nunca, vista em criança de sua idade.
“A Revista do Coração Eucarístico” de julho de 1911 menciona também o caso de certa aluna de uma casa religiosa de Roma, onde se asilaram cerca de cem meninas escapas ao terremoto de Messina. Admitidas à audiência pelo Papa, quando este falava, sentiu-se mais de uma vez puxado pelas vestes, e perguntou: “Quem é que me sacode assim?” Uma voz argentina responde logo: “Sou eu”. Era uma pequena de 5 anos; as supe­rioras quiseram repreendê-la, mas Pio X acudiu: “Povera fanciulla, que queres de mim?’— “Eu tenho cin­co anos ; queria fazer minha primeira Comunhão, e as Religiosas não querem!”— “Não sabes talvez bastante o catecismo”, observou o Papa sorrindo. — “Examinai, replicou ela, eu responderei”. O Pontífice fez-lhe di­versas perguntas, e as respostas foram satisfatórias; admirado, voltou.se para as Irmãs, e disse: “Dai-lhe a santa Comunhão amanhã”.
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Excertos do livro: Mês do Sagrado Coração de Jesus - Padre José Basílio Pereira - 2a. edição, 1913.
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Academia da Congregação Maria de Nossa Senhora Auxiliador e de São José

 O Nome a Jesus e os Sonhos de José
“Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados. Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor falou pelo profeta: Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um Filho, que se chamará Emanuel (Is 7,14), que significa: Deus conosco. Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu em sua casa sua esposa. E, sem que ele a tivesse conhecido, ela deu à luz o seu filho, que recebeu o nome de Jesus” (Mt 1,21-25)
Sabemos que para o povo bíblico o nome designa a própria natureza do ser, as suas qualidades e a missão da pessoa. No livro do Gênesis (17,5) Javé trocou o nome de Abrão para Abraão porque o tornou pai de uma multidão.
Dar o nome ao filho é um direito inerente à missão dos pais, pois estes exercitam a autoridade sobre eles, e de certo modo designam a personalidade deles. De fato, Abraão deu o nome aos seus filhos Israel (Gn 16,15;); Isac (Gen 17,19); Raquel ao filho José (Gn 30,22-24); Ana ao Filho Samuel (1 Sam 1,20); Zacarias a João (Lc 1,55-64).
Na verdade, nesta ótica bíblica, José ao impor o nome a Jesus, o introduziu na descendência davídica com a sua consequente messianidade, assim como assumiu sobre ele os direitos de pai.
De fato, São João Crisóstomo coloca na boca do anjo do anúncio a José, estas palavras:
“Sem bem que tu, José, não tens nada a ver com a geração... te confiro igualmente aquilo que é próprio de um pai, impor-lhe o nome; te confio Jesus para que sejas aqui na terra o seu pai” (In Matthaeum homilia IV: MG 57,46-47).
Os sonhos estão presentes na história dos Patriarcas, tais como: Abraão (Gn 15,.12); Jacó (Gn 31,10-18); José (37,5-10), etc. No NT são apresentadas situações de visões mas que no contexto parecem sugerir sonhos (At 16,9; 27,23; 18,9; 23,11), além daquelas referências de Mateus, onde se descreve a vocação de José (1,18-25), A fuga para o Egito (2,13-15), A volta do Egito (2,19-23), etc.
            Ligado aos sonhos de José estão os anjos, os mensageiros de Deus. São várias as passagens do NT que fazem referências aos anjos (Lc 1,11; 2,9; At 5,19; 8,26; 12,7.23; 22,43; Mt 4,11 etc.).
O beato Paulo VI evidencia neste fato, São José como modelo de escuta da vontade de Deus, onde por “três vezes no evangelho, se fala de colóquios de um anjo com José durante o sono. O que quer dizer isso? Significa que José era guiado, aconselhado no íntimo, pelo mensageiro celeste. Havia uma ordem da vontade de Deus que se antepunha às ações e portanto o seu comportamento normal era movido por um arcano diálogo do que fazer: José, não temas; não faças isso; partas, voltes!
Vemos (nele) uma estupenda docilidade, uma prontidão excepcional de obediência e de execução. Ele não discute, não hesita, não reivindica direitos ou aspirações. Lança-se na execução da palavra que lhe foi dirigida” (Homilia 19/3/1968).
Portanto, José regulou a sua vida como a sua consciência, iluminada pelo o que o Espírito de Deus lhe ditava. Ele comporta-se conforme as inspirações que lhe vinham do alto. Como conclusão pode-se dizer que os sonhos de São José conforme nos apresenta o evangelista Mateus, podem ser considerados como um meio de revelação divina. Eles podem ser considerados evidentes inspirações divinas que o guiava para o desenvolvimento de sua responsabilidade de pai legal de Jesus.
Os sonhos de José narrados por Mateus evidenciam este fato, pois estes referem-se aos “mistérios” da vida de Jesus, ou seja, nascimento, permanecia no Egito e residência em Nazaré, mistérios estes, dos quais São José foi indispensável “ministro”.
De fato, nos episódios de sua vocação (Mt 1,18-25), José resolve suas dúvidas diante da maternidade de Maria, quando o anjo o coloca junto a ela para assegurar a messianidade de Jesus através da descendência davídica e depois para dar-lhe o nome. Da mesma forma, a permanência no Egito é para salvar a vida física de Jesus ameaçada por Herodes, mas dentro do “mistério” é a redenção da humanidade operada naquela região de antiga escravidão através do Filho e do intervento do Pai: “do Egito chamei o meu Filho” (Mt 2,15).
Este sentido de disponibilidade e de obediência de José é lembrado por são João Paulo II propondo-o como modelo para toda a Igreja... “Logo no princípio da Redenção humana, nós encontramos o modelo da obediência encarnado, depois de Maria, precisamente em José, aquele que se distingue pela execução fiel das ordens de Deus” (RC 30).