Adoração dos pastores.
Circuncisão do Menino Deus e o Santíssimo Nome de Jesus que São José
lhe pôs.
Adoração dos Magos e Apresentação no templo
Diz o Evangelista São Lucas que
naquela hora, em que Jesus nascera, que foi à meia noite de 25 de Dezembro,
estavam os pastores vigiando o seu gado, em um lugar distante de Belém, mil
passos para o Oriente, recolhidos da chuva em um edifício abandonado, chamado
Torre Ader ou de Rebanho, e, chegando a eles o Anjo Gabriel, cercando-os de
claridade extraordinária, lhes anunciou o Mistério do nascimento de Cristo.
Eles, admirados da novidade, partiram a toda pressa para verem aquele prodígio
e, entrando na gruta onde estava o Menino, se prostraram por terra, com grande
humildade e reverência, e adoraram o Salvador, o Messias prometido,
oferecendo-lhe seus rústicos holocaustos, louvando a Sagrada Virgem e a seu
Santíssimo Esposo pelo que acabavam de presenciar e voltaram para seus campos,
glorificando a Deus pelo que tinham visto.
No oitavo dia depois de nascido
Cristo, diz São Lucas que chegara o tempo de ser circuncidado o Menino. Quis o
divino Verbo conformar-se com os mais homens, sujeitando-se a este preceito da
Lei, que o não obrigava, não só por ser Deus, e como tal superior a todas as
leis, mas por não ser concebido segundo os demais homens; porém sujeitou-se a
ela para começar logo a derramar sangue pelos homens; para que não tivesse
escusa a incredulidade dos judeus; para provar que era da descendência de
Abraão; para não se singularizar; e por outras causas.
Para a operação deste Sacramento da
lei antiga não havia Ministro determinado; o mesmo pai e mãe podiam ser os
executores. Assim foi São José que praticou a circuncisão do Menino Deus,
dando-lhe o nome de Jesus.
Daqui se deduzem três excelências
de São José: ser substituto do Pai Eterno em tudo, que não é geração; ter dado
o nome a Jesus; e ser o primeiro que o nomeou juntamente com a Virgem Maria.
Verdadeiramente, se tanta
consolação e tanto alívio sente a nossa alma cada vez que proferimos com a boca
este suavíssimo e dulcíssimo Nome, que suavidade e júbilo experimentaria São
José a primeira vez que o pronunciou?
Oh! Como se arrebataria em doce
contemplação, penetrando as altíssimas maravilhas do Nome sobre todo nome
onipotente, amável e virtuosíssimo! Oh! Como o repetiria mil vezes prostrado
com reverência por terra, e com ele sua Santíssima Esposa!
Louvado seja eternamente o
admirável nome de Jesus, que, com tanta glória de São José, e com tanta
utilidade para o mundo, quis o Altíssimo que fosse o nosso Santo quem nos
ensinasse a pronunciar, invocar e suplicar Nome tão soberano em cuja doce
pronunciação está virtualmente depositada toda a nossa luz, medicina e
salvação; e assim como o abecedário, que só tem 25 letras, encerra em si todos
os livros, que se tem escrito, e hão de escrever-se até o fim do mundo, assim,
nestas cinco letras de Jesus, se compreendem todos os mistérios dos outros
nomes de Deus.
O lugar em que se fez esta
cerimônia da lei foi na Gruta do nascimento e não no Templo de Jerusalém, como
indicam alguns pintores, pois a Santíssima Virgem não saiu de Belém antes do
dia da sua Purificação.
Três Régulos ou Potentados
gentílicos, a que a Escritura dá o título de Magos, dedicados ao estudo da
astronomia, em que eram insignes, habitando na parte da Arábia, que fica entre
a Mesopotâmia e a Palestina, admirados de uma nova estrela, que observaram no
Oriente, e entendendo, ou porque Deus lho revelou, ou pela profecia de Balaão,
ser aquele o sinal de haver nascido o verdadeiro Rei dos judeus, se dispuseram
a vir adorá-lo com grande aparato e trem de camelos e dromedários. Partiram de
suas terras, levando sempre diante dos olhos, como farol, o resplendor da
estrela, que os guiava, e, chegando a Jerusalém, ali souberam dos Sacerdotes
que em Belém havia de nascer o Messias segundo profetizara Miquéias; e,
continuando logo a sua derrota por direção luminosa da mesma estrela, deixando
assustado Herodes e toda a sua corte, chegaram finalmente ao lugar, onde estava
o Salvador do Mundo, que era na gruta o Presépio onde havia nascido, e ali, com
profunda humildade, mais prostrados que de joelhos, adoraram a Deus Menino,
treze dias depois do seu nascimento.
Como o Evangelista São Mateus diz
que os Magos entraram na casa, e não na gruta, pensam alguns que São José,
depois do desafogo da cidade pela retirada dos que vieram inscrever seus nomes
em obediência ao Edito, melhorara de habitação, porém os historiadores
eclesiásticos dizem que todos aqueles quarenta dias, entre o Santíssimo Parto e
a Purificação, não se afastara a Virgem e seu Santíssimo Esposo da gruta, onde
o Menino nascera, por entender que aquele humilde tugúrio, que Deus havia
escolhido e consagrado com o seu nascimento, se avantajara incomparavelmente
aos maiores palácios dos reis.
Não diz o Evangelho se assistira
São José a esta adoração dos Magos, antes do seu silêncio se deve supor a
ausência, talvez motivada para que os Magos, que sabiam que o Messias nasceria
de uma Virgem, não se escandalizassem com a presença de seu suposto Esposo, sem
poder aprofundar no mistério da concepção da Virgem.
Depois dos felicíssimos Santos
Magos adorarem reverentemente ao Filho de Deus, ofereceram-lhe seus tesouros
que tinham mística significação: incenso, por ser Deus, ouro por ser Rei e
mirra por ser homem. São José dera ao Menino o incenso, à Virgem o ouro e para
si escolhera a mirra.
É de crer que os Magos tivessem
recebido em recompensa da Virgem Maria maravilhosas coisas do céu.
Passados quarenta dias depois do
nascimento de Cristo, levaram os Santíssimos Esposos o Menino Jesus ao Templo
de Jerusalém, para o oferecer ao Senhor, segundo mandava a lei da Purificação
do Levítico, e nesta jornada é crível que iriam sumamente alegres José e Maria
não só por ser a primeira vez que levavam em público ao Rei da Glória para ser no
mundo conhecido por suas criaturas, mas por irem oferecer ao Pai Eterno a
Hóstia viva de seu Unigênito humanado. E como levariam alternadamente em seus
braços São José e a Virgem aquela doce prenda, de valor inestimável! Que suave
se lhes faria aquela carga amorosa, que sustenta todo o peso do universo! Em
que altíssimas contemplações se empregariam por todo o espaço de duas léguas,
que distava Jerusalém da cidade de Belém!
Assim que entraram no Templo,
ofereceu Maria Santíssima o Menino ao Sacerdote, e o glorioso São José,
acomodando-se à lei dos pobres, ofereceu um par de pombinhos ou de rolas.
A lei de Moisés mandava também que
os ricos, quando se tratasse de menino, sacrificasse a Deus um cordeiro manso
e, como os Santos Esposos tinham repartido pelos pobres o ouro, que os Magos
lhes deram, é possível que não tivessem os meios de comprar o cordeiro; mas de
qualquer modo era oferecido o Cordeiro místico e o verdadeiro que foi o mesmo
Cristo.
Também era lei particular que os
primogênitos, não sendo filhos de Levitas, fossem redimidos por cinco ciclos e,
posto que o Evangelho guarde nisto silêncio, é sem dúvida que os Santíssimos
Pais resgataram com os cinco ciclos a seu Filho Jesus Cristo, como dizem os
Expositores, do que resulta uma grande glória a Maria e a São José, Esposos
puríssimos, pois mereceram deste modo redimir a seu mesmo Redentor, em cuja
ação não só se viu verificada a significação do glorioso nome de José, que na
língua hebraica significa Salvador, mas nobremente desempenhado na oferta dos
cinco ciclos, que o nosso Santo satisfez no Templo para remir ao Redentor do
mundo, que depois o resgatou com as suas preciosíssimas cinco chagas.
O Sumo Sacerdote, que era o velho
Simeão, inspirado pelo Espírito Santo, ao receber o Menino em seus braços,
foi-lhe revelado ser aquele o Redentor de Israel, a quem esperava ver antes de
sua morte. Devotamente o beijou e abençoou, entoando o misterioso cântico:
“Nunc dimittes...”; e, entregando aquela estimadíssima prenda do Pai Eterno a
Virgem Puríssima, sua Mãe, lhe profetizou a dor tão penetrante, como de espada
aguda, que havia de transpassar sua alma na Paixão de seu Filho, anunciando-lhe
também o remédio, que ele vinha trazer com a redenção do mundo.
Destes afetos participou igualmente São José;
ele e a Virgem, recebendo do Sacerdote a benção, e ficando reconhecidos por
pais de Jesus Cristo, se retiraram do Templo.
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A vida de São José pela Associação de
Adoração Contínua a Jesus Sacramentado - Livraria Francisco Alves. 1927
http://almasdevotas.blogspot.com.br/2012_03_20_archive.html
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