DÉCIMO QUARTO DIA
Oremos pelos pobres pecadores
endurecidos.
Pai Nosso ... Ave Maria ... Glória ...
Jaculatória: “Coração de
Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.
Jesus e o Bom Ladrão
Toda a vida mortal de Jesus pode
reduzir-se a uma só palavra: “misericórdia”. Não é também isto o que resume a
sua vida eucarística? Nunca repelia ninguém. —Ia sempre ao encontro dos
pecadores. — Intercedia sempre por aqueles mesmos que o magoavam: e, desde que
via numa alma a menor vontade de voltar ao bom caminho, usava para ela de tais
cuidados e carinhos, que, diz um Santo, quase faz inveja o ser pecador. —O
ladrão, pendente de uma cruz, reconhece o seu crime e, restando-lhe apenas
alguns momentos de vida, ouve estas consoladoras palavras: “Hoje estarás comigo
no Paraíso”. Oh! dizei-me também estas palavras, meu Jesus!
“Confessar-me-ei com mais cuidado”.
EXEMPLO
O “Mensageiro do Coração de Jesus” de
setembro de 1880 menciona a seguinte conversão sucedida na Bélgica: “Um médico
rico e conhecido, que casara com uma senhora piedosa, de há muito desprezara os
seus deveres religiosos, e, às exortações da consorte para que voltasse a Deus,
respondia ser mais católico que muitos outros, fiel a seus deveres de família e
generoso com os pobres. Na guerra de 1870, ele sustentara, às suas custas, uma
das principais ambulâncias belgas, enviara socorros a Metz e Sedan, sem querer
por isso nenhuma indenização; tratava e fornecia remédios gratuitamente aos
pobres da aldeia em que estava situada a sua quinta. Depois de passados assim
20 anos, sobrevieram- lhe repetidos reveses que o arruinaram: mas com eles, em
vez de se voltar para Deus, mais infenso à religião se mostrava. Aos desgostos
pelo abandono em que os amigos de outrora o deixavam, associou-se uma grave
enfermidade. A família então juntou-se toda a trabalhar por convertê-lo, e
nessa intenção se fizeram orações e promessas, celebraram-se missas, e começou
uma novena de primeiras sextas-feiras. Em outubro piorou muito; alguns Padres
o visitaram, a quem recebeu com polidez, mas recusando o socorro de seu
ministério. Aceitou., afinal, um belo Cristo, que mandou colocar perto de si,
mas declarando que, munido deste sinal da Redenção, não precisava de
intermediários entre Deus e sua alma. A moléstia progrediu, e o assistente a
dizia já no termo; nesse tempo, uma sua tia, Religiosa do Sagrado Coração,
mandou-lhe uma imagem, abaixo da qual estava escrita uma fórmula de consagração,
e pediu que com a esposa a recitasse durante uma novena das primeiras
sextas-feiras.
Deu-se isto numa quinta-feira à tarde,
e no dia seguinte o doente anuiu ao pedido, e recitou, com sua mulher, a
pequena oração. A noite que se seguiu foi má, e a boa cristã, ao amanhecer,
estando só com o marido, lembrou-lhe o dever de pensar seriamente na
eternidade: ele calou-se por instantes e, perguntando o que julgavam do seu
estado os médicos, à resposta de que o consideravam gravíssimo, disse: “Mande
chamar o Padre, porque eu quero morrer como perfeito cristão”. Devidamente
preparado, recebeu com devoção os últimos sacramentos; ao chegarem os médicos e
amigos, contrários às práticas religiosas, perguntando-lhe surpreendidos, se
não se impressionara, respondeu: “Sinto-me feliz, só quero agora ocupar-me das
coisas celestes”. Quando o cercavam as pessoas piedosas da família, queria que
lhe recitassem jaculatórias e pedia perdão a todos, dizendo: “Logo que estiver
no céu, farei por vós o que não pude na terra, onde tudo me saiu mal”. Os
próprios criados exclamavam admirados: “É um milagre! O amo a pedir perdão!
Morre como um santo! Não foi em vão que tanto se rezou por ele!” Falava da
morte com alegria, e fez suas disposições querendo um enterro pobre, e
sepultura no cemitério da aldeia, que era sagrado. E morreu, exclamando: “Eis
o caminho do céu! como é belo!”
__________
Fonte: Mês do Sagrado Coração de Jesus - Padre José
Basílio Pereira - 2a. edição, 1913.
Nenhum comentário:
Postar um comentário