DÉCIMO DIA
Oremos para alcançar de Deus um grande
horror a todo pecado.
Pai Nosso ... Ave Maria ... Glória ...
Jaculatória: “Coração de Jesus, que
tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.
Jesus e os Apóstolos pedindo a Punição
dos Samaritanos
Os habitantes de Samaria não quiseram
receber a Jesus: expulsaram-no dentre os seus muros… os apóstolos
indignados, lhe dizem: “Senhor, quereis que digamos que desça o fogo do
céu e os consuma?”— “Não sabeis de que espírito sois! lhes diz Jesus. O filho
de Deus não veio perder as almas, mas salvá-las…”
Ah! quão grande é a vossa bondade, ó
meu Jesus! Agora sei porque, depois de tantos pecados, já me não tem vindo surpreender a morte! O demônio a enviava; vós porém, Senhor, a detínheis.
Jesus, fazei-me agradecido.
“No dia de hoje procurarei dizer alguma
coisa da bondade de Deus”.
EXEMPLO
Quando, em 1881, os Padres Jesuítas se
estabeleceram na aldeia de Onha, em Burgos, reinavam ali, por diversas causas,
costumes repreensíveis, e a mocidade tinha o hábito de blasfemar; nos dias de
festa, se entregava a danças indecorosas; nem o cura, com sua prédica, nem o alcaide, com intimações e penas, tinham podido até aí pôr cobro ao escândalo.
Tentaram-no os recém-chegados por este modo: encontrando-se um deles com um
jovem em passeio, trava conversação e, depois de falar sobre vários assuntos,
pergunta porque se não formam na aldeia coros de canto, como há na Espanha.
Respondendo o jovem que não faltam boas vozes, mas não têm quem ensine e
exercite, o Padre oferece-lhe o mestre e um local para aprenderem o canto e
quaisquer outras coisas de utilidade que pertençam à boa educação.
Uma semana depois, os moços na quase
totalidade inauguram suas reuniões literárias e musicais numa sala dos Padres
sob a sua direção, tomando a agremiação o título de “Academia do Sagrado
Coração de Jesus”. O ensino religioso e moral não poderia, em tais
circunstâncias, ficar esquecido; e o Diretor, na primeira oportunidade, fez ver
que era absolutamente preciso, dentro de um mês, corrigirem-se do mau vezo da
blasfêmia. Respondem ser impossível, porque estava muito enraizado o hábito. O
Padre replica sem se perturbar: “Confiando em vosso divino patrono, fazei o que
vos digo. Formai cada manhã, o propósito de não blasfemar nem uma só vez
durante o dia, e quando, por acaso, o fizerdes, apanhai uma pedrinha e metei-a
no vosso bolso, renovando logo a resolução tomada”. Concordaram todos, e a
reforma começou. À noite, à hora da classe, chegavam todos os jovens com a sua
coleção de pedras.
Mas, para abrandar o corretivo e poupar
o amor próprio, foi providenciado a que não pudessem conhecer as faltas uns
dos outros. O Padre percorria as fileiras, levando um saco no qual todos
metiam a mão, depondo lá as pedrinhas os que as tinham, sem que se soubesse
quais eram e em que número. Fazia-se depois a soma total e era então imposta
uma penitência comum, por exemplo, a recitação de uma “Ave Maria”. E só com
isto as blasfêmias, sem muito tardar, cessavam. Em relação às danças
escandalosas, os jovens agremiados fizeram também entre si um pacto de honra, e
as substituíram resolutos por diversões honestas e agradáveis. Por esta forma,
quando em Onha celebrou-se em 1882 a festa do Sagrado Coração, a aldeia se
regenerara já dos seus dois mais graves escândalos, e por obras de sua piedosa
Academia, cujo coro de cantores nesse dia mesmo a abrilhantava.
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Fonte: Mês
do Sagrado Coração de Jesus - Padre José Basílio Pereira - 2a. edição,
1913.
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