VIGÉSIMO SÉTIMO DIA
Oremos pelos enfermos desamparados.
Pai Nosso ... Ave Maria ... Glória ...
Jaculatória: “Coração de
Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.
Os segundos consoladores do
Coração de Jesus são as almas que sofrem pacientemente
Oh! Como uma alma paciente em seus
sofrimentos físicos ou morais consola o Coração de Jesus!
“Ela sofre”, mas bem sabe que o seu
sofrimento vem de Deus… e submete-se com amor, resigna-se com a maior
confiança! “Sofre” e por isso compreende mais vivamente as dores de Jesus, — e
oferece as suas em compensação e consola seu Divino Mestre com maior
sinceridade. “Sofre”; condoer-se-á, pois, com mais comiseração do seu próximo;
nunca se é tão compassivo como depois de se haver sofrido com paciência!
Quanta virtude nessas almas!
“Não me lastimarei quando Deus me enviar
algum sofrimento”.
EXEMPLO
Mons. Ségur, um dos mais ilustres e
valorosos apóstolos da Igreja de França, foi também um fervorosíssimo devoto
do Sagrado Coração. Nas muitas obras católicas que fundou e dirigiu, em suas
pregações que eram incessantes, nos 70 opúsculos e livros que publicou sobre
assuntos variadíssimos, a devoção ao Coração de Jesus ocupou sempre o seu
pensamento e a sua palavra, e dela fez ardente propaganda o novo sacerdote.
Salienta-o, porém, e glorifica sobretudo um traço característico dos perfeitos
devotos do Sagrado Coração: o amor às cruzes da vida, a resignação ao
sofrimento. Em sua primeira Missa, à hora da elevação, Gastão de Ségur pediu a
Maria Santíssima que lhe concedesse uma enfermidade, cruciante, mas que lhe
não tolhesse o exercício do ministério: queria ter um lugar ao pé da cruz do
Divino Mestre. Quando perdeu um dos olhos, exclamou: “A Santa Virgem mandou-o
para o Purgatório, para lá fazer as minhas vezes”. Aos 34 anos de idade,
cegando de todo, disse a um amigo: “Pedi ao Senhor que eu carregue dignamente
sua Santa Cruz. Já não correrei mais. Ganham com isto os grandes pecadores, que
terão menos acanhamento em confessar-se a quem lhes não vê um traço.” Foi
instado a tentar a cura, que Nélaton lhe prometia, e sujeitou-se à baldada
operação, fazendo o sinal da cruz e dizendo calmo: “Como Deus quiser”.
Aconselharam-lhe que recorresse às orações de pessoas santas, e à virtude de
imagens milagrosas: obedeceu muito dócil e buscou o venerando Cura d’Ars, e M.
Depont, o devoto da Santa Face. O santo homem de Tours dizia a
Mons. Ségur: Não é fácil obter de Deus uma graça corporal, quando não se pede
na forma do postulante do Evangelho: “Domine, fac ut videam—
Senhor, fazei que veja”. O piedoso sacerdote, porém, não pôde conformar-se a
dizer outra coisa, senão a palavra do Padre Nosso: “Faça-se a vossa vontade”.
Falhando também todos os pios recursos, Mons. Ségur aceitou por toda a vida a
cegueira, bendizendo-a. Todavia, o Sagrado Coração, conservando-o preso à
cruz, dava-lhe a virtude de comunicar a outros sua edificante resignação: o
Jovem cego Afonso Landais, de irritadiço, turbulento e mau, se tornava, com as
suas exortações, um exemplo de paciência e bondade Mons. Ségur foi mesmo
favorecido com a graça de curar a um cego, e assim aconteceu no ano de 1869,
com um menino Felix Garé, em Lorient: sua tia o levou à presença de Mons. Ségur
para que o abençoasse, confiando em que isto o curaria. Monsenhor pôs-se quase
de joelhos para se aproximar dele, abraçou-o carinhoso e o abençoou com um
grande sinal da cruz. Na manhã seguinte, quando a tia de Felix entrou no
quarto deste, para levar, lhe o seu chocolate, e lh'o quis dar por suas mãos,
ele o desviou, docemente, dizendo: “Que faz, minha tia? eu a vejo bem, meus
olhos estão curados! E, em vez de que a cegueira de Mons. Ségur lhe encurtasse
em nada o exercício de seu santo ministério, este se manifestava, até o fim,
tão ativo, contínuo e prodigioso, que a maioria dos operários da vinha do
Senhor poderiam, sem nenhum desdouro, dizer dele com o santo Cura d’Ars: Eis um
cego que vê mais claro que nós.
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Fonte: Mês do Sagrado Coração de Jesus - Padre José
Basílio Pereira - 2a. edição, 1913.
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