TRIGÉSIMO DIA
Oremos na intenção de saber agradecer a Deus as
graças que nos há concedido.
Pai Nosso ... Ave Maria ... Glória ...
Jaculatória: “Coração de
Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.
Os consoladores do Sagrado
Coração de Jesus somos nós que viemos, durante este mês, meditar nos
seus terníssimos afetos e estudar os seus desejos
Todos estes dias foi Jesus consolado,
vendo que fomos constantes, que todas as manhãs o procurávamos fervorosos; mas,
ainda quer de nós alguma coisa. O mês consagrado ao seu Coração termina hoje;
quantas almas devotas porão de parte as suas práticas, as suas costumadas
orações e esquecerão a consolação que experimentam!… Jesus pede que não nos
esqueçamos do seu Sagrado Coração, e quer que esta manhã lho prometamos.
“Farei um ato de consagração ao Coração
de Jesus”.
EXEMPLO
Lê-se no livro — O Sagrado Coração de
Jesus, — do Pe. Júlio Chevalier, editado em 1886: “Miguel dos Santos, Religioso
Trinitário, desde a sua infância, dera-se tão perfeitamente a Deus, que este
era tudo para ele, e ele era todo de seu muito Amado. Mas, como o amor nunca
diz “basta” — parecia-lhe que ele não amava bem a seu Deus, e todos os seus
desejos eram amá-lo cada vez mais. Um dia, fazendo oração nesta habitual
disposição de espírito pouco satisfeito da medida do seu amor a Deus, pediu a
Nosso Senhor Jesus Cristo que lhe mudasse o coração e lhe desse outro “mais
tenro e mais sensível” aos atrativos do amor divino. Esta súplica amorosa
foi tão agradável a Nosso Senhor, tão favoravelmente acolhida e generosamente
despachada, que nem imaginar poderia o suplicante o sinal de amizade que seu
divino Senhor lhe ia dar. Jesus tirou o “coração” do seu querido Miguel, e no
lugar desse “coração” que tomou e escondeu no peito, pôs o Seu próprio Coração,
deixando esse fiel servo tão feliz, tão rico pela incomparável troca, e tão
abrasado de amor, que impossível é descrever. Este favor admirável, Miguel
mesmo o comunicou a seu confessor, o sábio e virtuoso Fr. Francisco da Madre de
Deus, que o atestou sob juramento; e Deus o fez conhecer ainda por outro modo.
Mas dir-se-á: como viver quando o coração é tirado ou substituído? Impossível.
—Responderemos: Na ordem contingente, nada há de necessário. Deus poderia bem
ter organizado o homem sem lhe fazer um coração. Porque lhe não poderia manter
a vida, depois de lhe ter retirado uma víscera principal? Seria isso
evidentemente uma derrogação às leis atuais e ordinárias de nosso organismo,
porém essa derrogação não constitui uma impossibilidade absoluta, ela tem um
nome na Igreja Católica: chama-se um milagre. Deus que tirou do nada sua
criatura para lhe dar o ser e a sua primeira forma, bem pode refazê-la ou
modificá-la a seu agrado. Quem ousaria pôr limites ao seu poder? Surge, porém,
dificuldade mais séria: como explicar que o Coração do Salvador possa, sem
cessar de lhe pertencer, tornar-se o coração de outro, e até de muitos a um
tempo? Aí o mistério. Uns explicam-no, dizendo que Jesus Cristo nestas
circunstâncias dá seu Coração do mesmo modo que dá seu Corpo na Santa Comunhão,
e que então se faz uma comunicação especial, semelhante a que se faz na Sagrada
Eucaristia. Outros interpretam assim: “Jesus Cristo faz à feliz criatura que
ele assim despoja e enriquece, um duplo dom: à sua alma, o de disposições e
sentimentos que refletem as afeições íntimas de sua alma divina; e ao corpo, o
de um coração em harmonia com o estado anterior, como se seu Coração Sagrado se
harmonizasse com os impulsos de sua alma”. O Papa Benedito XV adotou essa
explicação quando proclamou venerável Miguel dos Santos: “A troca do Coração de
Jesus pelo do seu servo fiel, disse ele, foi mística e espiritual”.
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Fonte: Mês do Sagrado Coração de Jesus - Padre José
Basílio Pereira - 2a. edição, 1913.
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